Experiências do Brasil na agricultura podem ajudar outros países a mitigar emissões, diz secretário do Mapa na COP26

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environment Earth Day In the hands of trees growing seedlings. Bokeh green Background Female hand holding tree on nature field grass Forest conservation concept

Fernando Camargo apresentou as tecnologias de baixa emissão de carbono já adotadas na agropecuária brasileira em dois paineis de alto nível

A disseminação de técnicas produtivas sustentáveis a todos os produtores rurais, com apoio especial aos pequenos, é o caminho para impulsionar um comércio agrícola socialmente inclusivo, economicamente lucrativo e positivo para o meio ambiente. E o Brasil pode compartilhar suas experiências, como as técnicas desenvolvidas pela Embrapa e o Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), com países semelhantes, ajudando a promover resiliência, adaptação e mitigação de emissões de gases do efeito estufa.

Essa foi a mensagem levada pelo secretário de Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Fernando Camargo, durante debate que reuniu líderes de diversos países neste sábado (6) para discutir o Diálogo sobre Florestas, Agricultura e Comércio de Commodities (FACT Dialogue, em inglês) durante a COP26, em Glasgow.

“Não é possível exigir padrões de sustentabilidade, transparência e rastreabilidade sem qualificar, de forma concomitante, os produtores para atendê-los. Do contrário, corremos o risco de criar um sistema de exclusão, condenando os produtores menos eficientes à pobreza e ao uso de práticas predatórias”, disse o secretário, lembrando que a pesquisa e a inovação constituem a base do progresso alcançado pelo Brasil na produção agrícola e pecuária.

Camargo destacou que o Brasil subscreve a declaração conjunta e esteve engajado em todos os grupos de trabalho do Diálogo FACT e continuará atuando de forma proativa, buscando parcerias e uma abordagem inclusiva “A agricultura é parte da solução. Através do diálogo FACT, podemos transformar essa máxima em realidade”, concluiu.

O Diálogo FACT (Forest, Agriculture and Commodity Trade) é um plano histórico de colaboração apoiado por 28 países para combater o desmatamento por meio do comércio global sustentável em commodities agrícolas. Ministros, líderes empresariais e representantes da sociedade civil destacaram iniciativas para cumprir o desafio de evitar que o aquecimento global ultrapasse um aumento de 1,5°C protegendo e restaurando florestas e ecossistemas ricos em carbono.

O painel foi apresentado pela ex-primeira-ministra do Reino Unido Theresa May e pela diretora do International Trade Centre, Pamela Coke-Hamilton. O debate sobre agricultura e apoio aos pequenos produtores também teve a participação da diretora-geral de Meio Ambiente da Comissão Europeia, Florika Fink-Hooijer; do CEO da Sainsbury’s, Simon John Roberts; da representante da Força-Tarefa da Tropical Forest Alliance, além da fala de um produtor rural de coco de Gana.

Agricultura movida a ciência

Em outro painel, o representante do Ministério da Agricultura destacou as tecnologias de baixa emissão de carbono já adotadas na agropecuária brasileira e as metas para a próxima década, com o Plano ABC+. Por meio da disseminação de técnicas de produção sustentáveis, o objetivo é disseminar as tecnologias de baixa emissão de carbono a mais 72 milhões de hectares de terras agricultáveis, promovendo ganhos de produtividade em terras agrícolas já consolidadas, sem a necessidade de converter novas áreas à atividade produtiva.

“O Brasil não precisa derrubar nenhuma árvore de forma ilegal”, destacou Fernando Camargo, em painel sobre a transição para uma agricultura sustentável. Camargo lembrou que a agricultura brasileira é movida a ciência e que, nos últimos 50 anos o país desenvolveu um modelo de agricultura tropical baseado em pesquisa e inovação que conjuga de forma singular os três pilares da sustentabilidade.

“A partir de investimentos na tropicalização de variedades de plantas e animais, no desenvolvimento de práticas produtivas adaptadas às condições naturais do nosso território e na qualificação de nossos produtores, deixamos de ser um país importador líquido de alimentos e atingimos a condição de terceiro maior exportador mundial de alimentos, fibras e bioenergia”, disse, lembrando que o Brasil quer compartilhar essa experiência com países de realidades semelhantes, especialmente os países da África, que fazem parte do mesmo cinturão tropical.