AGENDA l Sacanagem na cremação

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         Pois a tal da cremação é sempre um tema que suscita grandes mistérios.

         Sei lá, mas existe uma total desinformação de como as coisas acontecem e, mais ainda, se é perguntado a quem mais já se aproximou de uma cremação nos bastidores, as respostas são sempre evasivas.

         Portanto, são muitas as dúvidas sobre este processo.

         O que se sabe de certeza é que cada dia mais a cremação de corpos está sendo adotada, muito embora com custo ainda alto, mas de descanso também aos familiares, pois que estão dispensados da manutenção de túmulos em cemitérios, como aluguel, compra e conservação.

         Sem falar na falta de espaço físico, ainda mais nos grandes centros urbanos.

         Fiquem tranquilos, pois se estão pensando que o assunto aqui está meio lúgubre para uma segunda-feira, vão ver (ou ler), que não é nada disso.

         Andiamos…

         E então, lá nas minhas tradicionais leituras, descobri algo “sui generis”, pois que não é somente os brasileiros que possuem o humor mais apurado, mesmo nas horas mais tristes e de grande circunspecção.

         Lá de vez em quando, sabe-se de alguma traquinagem de algum habitante deste planeta, mesmo que de um povo considerado altamente compenetrado.

         Pois aconteceu assim:

“Um dos mais interessantes romancistas japoneses, foi Jippensha Ikku, pseudônimo de Shigeta Sadakazu.

Ele estava entre os mais prolíficos escritores de romances do final do período Edo, no Japão – entre 1795 e 180.

Esse escritor foi chamado o Voltaire e o Mark Twain japonês.

Contudo, em seu brilhante conceito de humor, parece ter ultrapassado os dois, e eu diria (depois dessa que vocês vão ler…) de muitos e muitos outros.

Porque, diferentemente do humorista francês e do americano, fez das suas com o seu público, não só durante a sua vida, mas até mesmo depois de morto.

E eu fico a imaginar o que esse cara fez de sacanagens durante toda a sua vida…

Pois não é que no leito de morte pediu aos amigos que colocassem certos embrulhos, devidamente preparados por ele, sobre o seu corpo, pouco antes de ser cremado.

Os amigos, sem nenhum questionamento, satisfizeram-lhe o desejo.

Como ritual deste povo naquele tempo, logo após falecer, o corpo de Jippensha Ikku teria sido depositado sobre a pira funerária, para então ser cremado.

Decorrida a cerimônia, rezaram-se as preces finais e, acendeu-se a pira, com a seriedade e compenetração que este povo demanda em suas tradições.

Então foi que veio a grande surpresa e a brincadeira começou.

Aconteceu que os embrulhos que Ikku havia preparado e pedido para seus amigos colocarem junto ao seu corpo antes de acenderem o fogo da cremação, estavam cheios de fogos de artifícios…

Imaginem o susto…e a surpresa…

E, assim, para espanto e diversão dos enlutados, a vida de Ikku subiu em chamas, ao som de um festival de fogos de artifícios e, com toda a certeza, dando muitas e muitas gargalhadas.”

Me ocorreu que…não, acho que não…deixa prá lá…

Já pensaram como seria aqui?