Todos sabem, não é preciso nem falar, de que sempre fui um apaixonado pela música…pela música boa e dentro dos meus conceitos, naturalmente.
O Toni Baroni, meu parceiro de vida e viola desde sempre, também é um saudosista da música e, volta e meia nos achamos relembrando muitas canções, das noites de violão e, das serenatas.
Canções que fizeram parte de um tempo de ouro da música brasileira, onde os sucessos nas paradas eram constantes e variados, cada qual melhor do que o outro.
A dupla Antonio Carlos & Jocafi foi uma dessas duplas e daquele tempo (lá pelos idos de 1973) que fizeram muito sucesso e, esta música que lhes falo em seguida, sempre está no nosso repertório de lembranças.
Aliás, em nossos tempos de serenata, ela sempre esteve presente, sendo quase como uma obrigação cantar embaixo das janelas das casas adormecidas…) e, para vocês saberem o motivo desta provável obrigação, basta lerem toda a letra.
Continuando…lá pelas tantas, eles, Antonio Carlos & Jocafi, falam que “a Inês é morta” …, mas que diachos, quem é esta Inês…uma namorada, uma musa, um amor não correspondido, quem sabe até uma enfermeira…vejam:
“Dona da casa, ando adoentado
Ressabiado sem o seu amor,
Agora é tarde,
A INÊS É MORTA
Abre essa porta, vem se apaixonar…”
A Inês, coitada, já estava morta…
Então, fui buscar um maior entendimento sobre esta expressão tão falada nos colóquios populares e, que achei de bom alvitre conversar com vocês sobre o tema, leiam:
INÊS DE CASTRO, A RAINHA MORTA
Uma das mais conhecidas expressões utilizadas na língua portuguesa: “AGORA INÊS É MORTA”…
Destinada a descrever uma situação irreversível (que não se pode voltar atrás), nasceu de uma história de amor verdadeira, trágica e com pitadas macabras.
Século XIV, Europa vivia época de guerras.
O Rei de Portugal D. Afonso IV possuía um filho, o príncipe Pedro, que se apaixonou por uma dama da corte, Dona Inês de Castro, apesar de já estar com seu casamento arranjado, religiosa e politicamente.
O príncipe, casou-se obrigado pelo Rei, como rezavam as tradições políticas, porém, mantinha o romance inabalável e apaixonado com Dona Inês de Castro.
E este, era sabido por todos na corte, inclusive por seu pai, o Rei, que a odiava.
Deste relacionamento, gerou-se frutos, filhos ilegítimos (bastardos), assim, aumentando ainda mais a ira de seu pai contra Dona Inês de Castro.
O Rei, aproveitando-se de uma viagem de missão do filho (arranjada por ele) mandou executar Dona Inês de Castro, decapitando-a em sua ausência.
Quando o príncipe Pedro voltou da missão, constatou que INÊS ERA MORTA.
Tomado pelo ódio, uniu-se aos inimigos da Coroa, tomando o reino de seu pai e mandando executar os assassinos de sua amada.
Ordenou também, que retirassem Dona Inês de Castro do túmulo e a tornassem Rainha de Portugal, realizando uma cerimônia de coroação com toda formalidade, pompa e suntuosidade que sua amada merecia.
Inclusive, com o tradicional beijo na mão de sua majestade, só que esta, já em avançado estado de putrefação…
Não puderam viver seu amor, pois … “INÊS É MORTA”!
(Resumo de Histórias do Mundo- Sílvia Restani)
“Oh, Dona da Casa por nossa Senhora,
Dai-me o que beber senão eu vou embora…”
Bons tempos das serenatas…