Formigas em lata

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Disse-me o amigo Pilhério que esta história se passou aqui, na nossa querida Encruzilhada do Sul.

        Que, por sua vez (o Pilhério), informou que ele ouviu esta história do amigo do compadre do primo dele.

        Mas então, a coisa toda se passou numa terra lavrada para plantio de milho, no interior da nossa Estrela Solitária da Serra do Sudeste, e, que, estava sendo preparada.

        Primeiro plantio.

        Vocês hão de convir comigo de que no primeiro plantio, algumas regras devem ser obedecidas e, o trato com a terra merece muitos cuidados.

        Principalmente depois que a planta emerge, ou, como dizem por aí: “vem a furo”.

        Existem muitas pragas que, de acordo com as leis da natureza, querem usufruir desta planta, também, e uma delas nós temos bastante conhecimento, qual não seja, a formiga (Hymenoptera-Formicidae).

        Ainda mais se a planta é ainda tenra.

        Acredito que elas, as formigas, devem compará-la com o nosso filé mignon…

        Bueno, mas dando continuidade, existia lá nesta empreitada um homem bastante folclórico, que vamos chamá-lo de Orozimbo.

        O Orozimbo era o “pau para toda a obra”.

        Homem de fácil manejo, que não repugnava nenhum serviço, fosse ele qual fosse e, portanto, tinha a admiração de seu patrão.

        Lá pelas tantas, com o milho brotando do chão, para a felicidade dos empreendedores, mas nem tanto assim, as formigas resolveram, bastante antecipadamente, colhê-lo, atacando-o ferozmente.

        O patrão do Orozimbo, por sua vez, não teve dúvidas e ordenou-o que pegasse o veneno contra as formigas, lá no galpão e que vinham em latas e, fizesse o contraponto do ataque aos milhos da lavoura, ou seja, combatessem-nas com vigor.

        E lá se foi o Orozimbo se atracar nas formigas, como era do seu feitio.

        Todavia, o patrão, passado alguns dias, observou que o Orozimbo estava gastando muita e muitas latas de veneno para o combate das formigas.

        Bueno, alguma coisa estava havendo de errado.

        Não, mas não, pois que o Orozimbo era de toda a confiança e jamais ele iria surrupiar as latas de veneno de formiga para vender, dar, botar fora, ou sei lá o quê.

        Então, resolveu investigar.

        Vai aqui, vai ali, anda de lá prá cá e de cá prá lá, e, certa tarde, adentrou num capão de mato e, para a sua surpresa, encontrou lá uma quantidade razoável de latas de veneno de formiga.

        Não teve dúvidas e chamou o Orozimbo à sua presença:

– Orozimbo, meu amigo, o que estás a fazer com as latas de veneno das formigas, pois estás gastando muito veneno, ou melhor, gastando latas e latas e latas do veneno? E, por quê elas, as latas, estão lá jogadas no mato?

– Pois é patrão, primeiro é que eu não tinha onde jogar fora as latas e as formigas, então, achei um cemitério ali naquele capão de mato, para elas.

– Como assim, Orozimbo?

– Normal, patrão, eu abro a lata do veneno, cato formiga por formiga e coloco elas ali dentro das latas…depois, quando enche as latas com formigas, tenho que jogá-las fora…simples assim.

        Tem outro jeito, patrão?

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Esta coluna contém informação, opinião e histórias do cotidiano.