La Niña, chuvarada e estiagem

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Anos de La Niña promovem seca no sul e chuvaradas no sudeste. Meu avô dizia que existe uma enorme bacia no céu. O centro dela está mais ou menos entre Santa Catarina e Paraná. Se pende para cá, chove muito no Rio Grande e pouco no Rio de Janeiro. Se pende para lá, então acontece o que está acontecendo esse ano.

Ano forte de La Niña. Estamos com 100 mm de chuva em 2022, medidos aqui na Fio Dágua. Já deveríamos ter no mínimo 200 mm. As plantas sentem, as águas estão baixas e o calor é intenso.

Nem só de Rio Grande vive o estrago da La Niña. A Argentina está seca. E está queimando. Incêndios imensos arrasam com a província de Corrientes, separada de São Borja pelo rio Uruguai.

Como resultado, o dia de segunda feira, que amanheceu parecendo até que traria chuvas. Ficou como uma neblina o tempo inteiro e, já a partir de cinco horas da tarde, o sol ardia vermelho como uma bola assando. Era a fumaça argentina. Fogo em territórios maiores que o dobro de todo a superfície de nosso município. Campos, matos nativos e cultivados, tudo queimado. Cinzas cobrindo o chão até aqui.

Houve enchentes em São Paulo e Minas Gerais, mas o pior acontecimento foi na cidade de Petrópolis, na serra carioca. Espantosos 260 mm de chuvas em coisa como seis horas. Somados a má gestão do território e construções em locais perigosos, causaram centenas de vítimas fatais.

Há que se dizer que sempre existe uma má gestão humana, seja no fogo ou nos desabamentos por excesso de chuvas, mas as forças da natureza são particularmente fortes nesse ano.

Ainda somando todos os danos, parece preferível a seca, se houvesse a possibilidade de escolha. Não há como fugir de uma enxurrada. Mas que está difícil para todos, isso está.

Texto escrito em 22 de fevereiro de 2022