Lá se vão onze anos, e nada

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Nesta noite de 27 para 28 de janeiro, a tragédia que resultou do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, completa 11 anos. Mais de duzentos e quarenta jovens morreram no local, vitimados pelo fogo e fumaça tóxica.

Ainda hoje me arrepia pensar nisso. Sinto muita pena desses jovens e sinto muita pena de suas famílias.

Mas até hoje não houve uma conclusão do caso. Um julgamento ocorreu, três pessoas foram condenadas, mas um erro no rito do processo resultou em anulação. Os condenados voltaram à liberdade. As famílias recorreram ao STF, mas o recurso está demorando mais tempo do que o prazo para um novo julgamento, e parece que daqui a um mês tudo se repetirá.

Sinto ainda mais pena das famílias das vítimas por causa disso.

As investigações e perícias mostraram inúmeras falhas na segurança da boate. Revestimento inapropriado, falta de extintores, falta de circulação de ar e portas que não permitiam o escoamento rápido das pessoas.

Seriam falhas dos construtores, dos empreendedores e dos fiscalizadores.

O que significa que houve responsáveis pelo que aconteceu. Provavelmente culpa. Até porque o primeiro julgamento condenou os responsáveis. Que ficaram livres por uma questão de rito, não de inocência.

São onze anos de muita dor e sofrimento. E tudo se repetirá, para as famílias. Fico com o sentimento de que, agora, nem se julga mais se houve responsabilidade ou culpa. Se julga é a capacidade que temos que apontar erros e condenar quem tem culpa. Como forma de prevenir que tais barbaridades nunca mais se repitam.