Mais um temporal

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Mais uma vez o Vau dos Prestes foi atingido pela inclemência climática. Chuva, vento, granizo, destruição. Desta vez, também fui sorteado e vou ter bastante serviço por uns tempos.

Não ouvi nada. Lembro que acordei por volta de 3 horas da madrugada. Chovia bastante, estava calor. Mas só. Consegui dormir novamente. De manhã, quando acordei e olhei pela janela, percebi a falta de uns eucaliptos que fazem uma proteção ao meu galpão.

Fui até lá. São árvores frondosas, plantei logo que vim morar aqui, há quase 40 anos. De um total de 40 árvores, pelo menos 10 estavam no chão. Tombaram com raiz e tudo. Caminhando mais um pouco encontrei uma alameda de cipestres, aqui atrás de minha casa, toda no chão. Mais uns cactos caídos, e galhos esparramados por toda a parte.

Por sorte, não caíram em nenhuma construção. A chuva era forte e incessante. Ficamos sem energia elétrica. Pelo facebook, a Cosel informou que os estragos foram generalizados na região do Abranjo. Fotos mostraram muitas árvores caídas, residências afetadas, enfim, muito dano.

Nosso Camaquã encheu. Toda essa chuva, desde a região de Bagé até aqui, drenou para o nosso rio. Fiquei preocupado, principalmente com meu amigo Fernando, que mora com a família junto à ponte, quase na barranca. Liguei para ele, que também se mostrou preocupado:

– Não dormi essa noite, Sérgio. De hora em hora ia ali, medir quanto o rio crescia. Foram 2 palmos e 2 dedos essa noite, mas agora de manhã parece mais calmo.

Essas crescentes do Camaquã me enchem de preocupação, tenho umas áreas de pasto que podem alagar, e então é preciso ir tirar os animais, muitas vezes com chuva e trovoadas. Enfim, não há sossego nesses dias. Penso nas pessoas que perderam tudo com aquelas enchentes no Taquari, Jacuí e Guaíba. Se, por causa de umas árvores e alagamentos eu perco meu sono, como devem estar esses gaúchos?

Finalizando a semana, tivemos um sábado ensolarado. Sol que quase não vimos nesses últimos tempos. Para hoje, domingo, está prevista chuva novamente, até a metade de outubro. E frio. E sei lá mais o que de coisa ruim.

Um ano muito diferente, sem sombra de dúvida. Enquanto limpo as coisas e conserto os estragos, torço que seja uma ano atípico, e não o começo de um tempo difícil.