Após 40 anos da formatura do Ensino Fundamental, uma turma de ex-alunos da Escola Borges de Medeiros promoveu um reencontro emocionante. Eles visitaram o educandário e revieram os momentos da infância, passando pelas salas de aula que frequentaram, biblioteca, corredores e todos os locais que os remeteram ao passado.
Participaram os ex-alunos Carlos Artur Alves, Cynthia Cristina Goettems, Gustavo Mendes, Joana Lúcia Koller, João Luiz Castilho, Lasier Gorziza, Leandro Souza, Magda La Paz, Márcia Damé, Márcia Lawisch, Mariene Duarte, Naida Machado, Renata Silveira, Rogilberto de Piero, Rosimari Rodrigues, Rosane Estrada, Rosélia Dimer, Sandra Martins, Tanara Cardoso e Tony Zwierzinski e as professoras Marizelia (pré-escola), Zilda (1ª série), Carminha (2ª série), Rozane (4ª série), Marta ( Língua Portuguesa), Enilda ( Ensino Religioso), Solange ( História), Saiclé ( Técnicas Domésticas), Vanda (Ensino Religioso) e Eva Terezinha (vice diretora).
Por: Lasier Gorziza de Souza
“A Felicidade Plena não é pra sempre, mas existe. Acredite.
Em um dia somos uma criança de merendeira a tira colo e batinha xadrez de uniforme. Azul pros guris; vermelho pras gurias. Seus medos são acolhidos por uma professora encantadora que aprendemos a amar para todo o sempre. Noutro dia somos adolescentes cheios de coragem, donos da verdade e prontos para o mundo, com 1° grau concluído e com uma sólida formação de vida que transcende os aspectos técnicos da aprendizagem.
Nesse interim vivemos de tudo. Muito mais que isso: moldamos nossos caráteres e forjamos nossos valores de vida. E foi a Escola Borges de Medeiros nos proporcionou tudo isso. Tivemos professores maravilhosos que faziam muito mais que ensinar. E o melhor: a oportunidade de conviver com todas as classes sociais da nossa cidade. O Borges tem a acolhida de alunos das mais diversas localidades e classes sociais no seu âmago. Sem distinção a ninguém.
Pois voltar lá depois de quarenta anos é um negócio meio mágico! Sabem o que é ter novamente a companhia daquelas pessoas que sabem muito mais da gente, do que a gente própria? Esses mesmos, seus colegas de infância começaram a chegar e a sineta já ia bater.
– Fila, por favor! Gurias de um lado; guris do outro! – gritava o Vice-diretor.
Inacreditavelmente estávamos lá de novo. A mesma algazarra, os mesmos cochichos. Tudo igualzinho, só os meus cabelos que não. Os meus cabelos: quanta diferença!
As boas-vindas do Primeiro Ano
No quadro uma mensagem: “Sejam bem-vindos! É aqui que tudo começa… Somos o 1º ano do Ensino Fundamental. Turma 106 – Tarde. Pro Ana Virginia 2023”. E tudo devidamente assinado com til de passarinho, corações para pingos nos is e muito mais. De repente pisávamos nas mesmas tábuas que por décadas são a base de um ambiente dos mais nobres. A sala de aula. Puro cerne de madeira testemunha de gerações e gerações Encruzilhadenses.
A Visita Guiada
O carinho da Direção em nos levar em cada uma das salas de aula, abrir cada porta e permitir que entrássemos lá novamente é como abrir as portas de nossos corações; permitiu que viajássemos no tempo, fazendo brotar as mais profundas memórias afetivas. Nós passamos por todas aquelas 11 salas. Cada uma delas guarda lembranças de nossos colegas, de nossos professores e muitos fatos particulares de cada um que estava lá boquiaberto.
A Chamada
Como num passe de mágica estávamos todos sentados na sala onde estudamos parte da 4ª série. Após o barulho de classes e cadeiras arrastando, começou a Chamada! Entre “Presente” e “Não veio” tivemos a primeira percepção que não estávamos todos os colegas revivendo tudo aquilo. Uns não puderam comparecer; outros já foram morar com o Papai do Céu. Mas tenham certeza, se existe Física Quântica é naquela casa que Ela mora. Sentia a presença de todo mundo. Aquelas classes vazias pareciam abrigar ausentes.
O Recreio
Depois de visitar a sala onde abrigava a cadeirinha de pensar e a mesa da Diretora, a Professora Malvina, bateu pro Recreio. Descíamos os degraus da escada que dá para o pátio da Escola e abria-se outras janelas do tempo. Hoje há uma quadra coberta. No entanto, eu via terra de chão batido, poças d’água e muita correria. Eu via os guris jogando bolitas e as gurias bem arrumadinhas cuidando para não se sujarem. Eu via os brinquedos da pracinha de uso exclusivo dos alunos do Pré-primário. Eu via gente contente. Eu escutava gritaria.
O Almoço
Um assado de ovelha de Encruzilhada por si só já é um convite bem chique. Mas era mais que isso. Tivemos representantes das merendeiras que deram um show de culinária. Comida feita com amor. Que buffet. E com direito a sagu na sobremesa. A gula sempre foi pecado. Mas era um reencontro de quarenta anos com nossos colegas e com nosso Castelo Amarelo. Hoje pode comer à vontade!
O Chá da Tarde com as Professoras
Nem todas as professoras estavam lá, mas quem estava representava tudo de mais nobre que recebemos. Foi a oportunidade para agradecer toda a nossa transformação. Tivemos o privilégio de retribuir um pouco por todo o carinho que recebemos. Que bom poder pedir desculpas por nossas atitudes sem noção que tanto atrapalhavam o trabalho delas.
Preciso contar um segredo: Tive a oportunidade de dançar por alguns segundos com a Professora Solange Arena. Quando nos vimos, levantamos os braços e vibramos como que comemora um gol. À medida que nos aproximávamos a energia aumentava. Nossa dança durou pouco mas teve direito até ao rebolado de cintura no mais estiloso “Bobo da Corte”! Naquele momento eu sabia que tinha recebido a remissão dos pecados. Estava de alma lavada, abraçado e prontinho para ir pro Céu!
A todos os envolvidos desse maravilhoso dia, o meu Muito Obrigado! Que lindo ver a nossa Escola tão bem cuidada. Que lindo ver o compromisso e a doação de todos os responsáveis pela nobre missão de dirigir o Borges de Medeiros.
A Felicidade Plena existe, não é pra sempre, mas existe. Acredite.”