Sobre o resultado da Cúpula da Amazonia, desenvolvi um sentimento de dúvida com o resultado. São oito os países que formam o grupo, mas à reunião duas figuras importantes não compareceram: o Presidente da Venezuela e o Presidente da França. A França faz parte porque ainda tem uma colonia na América do Sul, a Guiana francesa.
O Brasil liderou o encontro, e lutava por um acordo de desmatamento zero da região até 2030. Já a Colombia encaminhou a proposta de proibição da prospecção de petróleo na bacia do rio Amazonas. Nenhuma das duas propostas vingou, interesses aparentemente maiores que a preservação da floresta falaram mais forte.
O Presidente brasileiro acusa os países desenvolvidos de não cumprirem um acordo resultante das COPs, que resultaria no repasse de volumosas somas monetárias para conter o desmatamento. Numa atitude aparentemente paradoxal, defende a melhoria das condições de vida das pessoas que vivem na chamada amazonia legal. Só no Brasil, são trinta milhões de pessoas. Dessas, menos de um milhão são índios.
Ora, quem pensa em preservar a floresta, pensa em retirar da floresta os habitantes que não são nativos. Olhando com olhos céticos, observa-se que o resto do Brasil tem dificuldades enormes em preservar o meio ambiente nativo. A mata atlântica foi derrubada para as plantações de cana e cacau, o cerrado para o cultivo de grãos. Mesmo a nossa pampa está desaparecendo, dando lugar a árvores, lavouras de grãos e outras coisas que se vê por aqui. O objetivo de conter o desmatamento da amazonia envolveria um esforço muito grande, com um resultado nunca antes conquistado. E seria necessário muito dinheiro.
Mas o cobertor é curto. Sem os recursos dos países ricos, somente transferindo recursos de outras regiões. Todavia, as outras regiões demandam saneamento, habitação, segurança, saúde, educação. E não vejo disponibilidade de cessão de recursos para auxiliar a melhoria de vida dos que habitam na floresta. É mais fácil pensar que seria melhor tirá-los de lá. Ainda que isso seja impossível.
O mundo está assistindo a mudanças climáticas que estão provocando danos consideráveis para todos. Aqui no nosso sul, enquanto não vemos mais o inverno como já vimos um dia, precisamos nos esconder de ciclones e outros eventos. No entanto, sempre que se fala sobre o clima, o que se ouve é a transferência da culpa, promessas vazias e mais poluição.
Quanto a amazônia, assim como a nossa pampa, falta reconhecer que os campos, as árvores, os bichos e o capim possuem tanto direito de viver que nós. A humanidade tem a tendencia a pensar que é preciso preservar a água de beber e o ar de respirar. Isso é muito pouco. A natureza só poderá ter uma chance se for amada e respeitada.