Voltando a vaca morta

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No final de 2021 eu publiquei, aqui no 19, a história de uma vaca que morreu no acostamento da nossa 471. Foi próximo à ponte do Abranjo, na descida da serra. O pobre animal morreu e se decompôs ali, aos olhos de todos, inclusive causando perigo por estar praticamente dentro do leito da rodovia.

E ninguém fez nada. O nosso Estado possui um órgão responsável pelo cuidado com as estradas. Nós, os cidadãos, pagamos por isso. Mas nada foi feito.

Segunda feira passei por ali. Agora, praticamente na frente de onde morreu a vaca, caiu uma pedra do barranco. Está, também, no acostamento e um pouco dentro da estrada. Quando vi a pedra, lembrei da vaca, e lembrei da manifestação da semana passada. A comunidade fez um bloqueio da rodovia, pedindo por consertos nos buracos muito perigosos que precisa enfrentar. Também pediram melhorias em geral, pintura, placas de sinalização, essas coisas que fazem parte de uma estrada.

Sempre que uso a estrada em dias de chuva, vejo o acúmulo de água causado pela má conservação dos drenos e pelo crescimento de vegetação ao lado do acostamento. Nessas ocasiões me culpo por não levar junto uma pá para abrir uma valeta e deixar a água sair da estrada.

Mas então lembro do DAER, quem é o órgão responsável pela estrada. E me pergunto por que esse órgão não tem uma equipe que faça isso.

Viajo com frequência a Pelotas, e na BR392, rodovia com pedágio, assisto a frequentes operações de manutenção, recapeamento, pintura, corte e poda da vegetação. Que dizer, dão manutenção, e manutenção faz parte da estrada. Na nossa, que não tem pedágio, nada é feito, nem uma vaca morta é recolhida.

Por causa disso, fico por um lado muito orgulhoso do pessoal que resolver bloquear a estrada e reclamar, mas por outro lado muito triste e decepcionado. Porque o que assistimos é o resultado da falta de cuidado. Pensando mais um pouco, percebo que as pessoas que deveriam estar cuidando do bem público, e que são pagas para isso, não estão cumprindo com seu dever.

Pensando bem, o descaso com nossa estrada é o fim da picada.