Uma saudade doída

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Eu, hoje, tinha uma história bastante engraçada para contar para vocês (ao menos eu assim penso que a história a ser contada é hilária…, mas, virá em outra oportunidade…), todavia uma manchete nos jornais da grande imprensa me “tirou a escada”.

A gente pensa, ou ao menos tenta começar o dia sendo otimista, pois é o que o manual da vida marcada para dar certo manda e, assim prescreve, mas apenas e tão somente uma frase, nos “desarma”.

Estampamos um sorriso bem grande quando, num primeiro olhar ao espelho do banheiro das nossas casas reflete nossos semblantes, ao raiar do dia (eu sei, não é nada fácil, mas este exercício pode mudar muitas coisas na vida de vocês, experimentem!) e, quando nossos olhos correm pelas primeiras manchetes das notícias da manhã, eis que nos “desmancham” …

Recordações.

Já se vão aí, se não estou errado em minhas contas, 11 anos de grandes e doídas saudades, de sentimentos inconfundíveis de muito amor e, também, de muita dor em não poder ter mais no “dia-a-dia”, seus entes queridos.

Jovens…muito deles…a grande maioria com uma vida inteira pela frente, e que estavam construindo os seus futuros, é o que se tem de concreto e de verdade.

E, num piscar de olhos, onde buscavam a diversão, onde buscavam descontraírem-se das suas árduas e edificantes responsabilidades, encontraram o fim de suas caminhadas neste plano terreno.

Vocês até podem achar que há um pouco de exagero em tudo isso que comento, todavia o meu sentimento é justamente esse, ou seja, a cada vez que eu me deparo com notícias que venha do advento desta tragédia, logo penso e imagino “a dor doída” das pessoas que aqui ficaram a prantear a perda de um filho ou uma filha, por exemplo.

Para mim é muito triste, muito doído ao me deparar, e sempre, com as notícias que vêm da Tragédia da Boate Kiss.

A notícia: “Telhado e mobília do prédio da Boate Kiss são removidos” – GZH – 25/07/2024
Continua: “Trabalho permite o começo da destruição efetiva da estrutura, que dará lugar a um memorial”.

Não tem como não lembrar do perecimento daquelas 242 pessoas naquela noite fatídica de 2013 e, muito mais agora, nestes nossos dias, quando abro um largo sorriso no espelho do banheiro da minha casa (num exercício de otimismo) e, ao depor meus olhos nas notícias do dia, me vêm na lembrança tal tragédia.

Sim, pode ser coisa da idade, sentimentalismo, emoções à flor da pele que é inerente às nossas faixas etárias, todavia a “dor doída” deste triste advento também é nossa…

Tenho lágrimas nossos olhos…

Mas, enfim…o que eu queria mesmo dizer é que a cada vez que o nome, “Boate Kiss”, aparece diante dos meus olhos, fica o meu amplo e irrestrito sentimento de condolências a todas às famílias enlutadas e, a insuficiente dimensão, que é incomensurável, da possível dor de todas essas pessoas que perderam seus entes queridos nesta tragédia…as eternas dores doídas…

Não há como esquecer…assim sendo, ao menos que seja um lindíssimo memorial, pois todas elas, pessoas que estão no plano de muita luz e as pessoas que ficaram, merecem!

Que assim seja.