Cismas – Coluna de Opinião

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VAMOS FALAR DE LIBERDADE?

                                                                                          Beto Carretta

         Tomemos como exemplo a nossa Capital do Estado, Porto Alegre-RS.

         Os dados são atualíssimos, pois aconteceram nestas últimas eleições, tanto para prefeito como para vereadores.

         Absurdo?

         Definitivamente não!

         Pois que as coisas neste país estão mudando e, parece-nos que o povo está caindo em si, ou seja, tomando consciência dos seus direitos, com a avançada aversão aos políticos e à política.

         Estamos falando neste número que parece uma incredulidade, mas é totalmente verdadeiro: a abstenção nestas últimas eleições na Capital do Estado que obteve um índice de, nada mais e nada menos do que 31,5%.

         Em nosso pequenino mundo chamado Encruzilhada do Sul, ela (a abstenção) chegou ao patamar de 20,38%, o que se obtém o número de 3.858 eleitores que não foram às urnas.

         Estamos no caminho de que o voto, por paradoxal que seja, já não é mais obrigatório neste país.

         E, por quê?

         São diversas as nuances, todavia, a que mais chama a atenção é o total desinteresse dos eleitores a respeito de política, deixando-nos a impressão que a responsabilidade de tudo isso é dos próprios políticos.

         Corrupção, péssimas administrações, locupletação, interesses escusos, salários, penduricalhos…e por aí se vai…

         Ir votar para quê?

         Ainda bem que a multa pelo não comparecimento às urnas, é irrisória.

         Aliás, não deveria nem existir, pois aí sim é liberdade.

         Todos nós sabemos que a abstenção não interfere em nada, pois é uma decisão individual e soberana, portanto, deveria ser um adendo a nossa própria liberdade.

         Ah, mas os “ausentes” darão carta branca para que os eleitores que vão às urnas elejam a quem eles querem…

         E, daí?

         Pois então, me digam: se você não simpatiza com nenhum candidato, se você acha as opções totalmente fora de seus anseios, se você tem a “obrigação” de votar, logo, você vai votar com o “fígado” e não com o coração, não com responsabilidade, não com convencimento… você vai sair de casa contrariado.

         Vale a pena votar?

         Não me venham com essa de que o voto é a sua arma, o voto é uma atitude democrática, o voto é uma expressão de cidadania… são filosofias vencidas, suplantadas, arcaicas.

         Porque a política perdeu todo o sentido, os políticos foi quem enlamearam a natureza, os atributos, a vocação da política.

         Ninguém mais acredita, estamos todos desencantados, principalmente pela incomensurável distância entre o que  prometem e o que fazem.

         Tanto os políticos quanto a política perderam a total transcendência, pelo prisma dos brasileiros honestos e responsáveis.

         Eles (políticos e política), não representam mais a possível realização dos anseios do povo.

         Sendo assim, a abstenção é a total liberdade para todos nós, em qualquer eleição, pois é uma decisão individual e soberana.

         E, mais: o voto é um direito e não uma obrigação!

         Tenho dito.