Semana passada escrevi sobre a prisão do ex presidente Collor. Condenado a mais de 8 anos de prisão pelo crime de corrupção. E não é que já foi solto? Por questões de saúde, recebeu tornozeleira eletrônica e vai pagar por seu crime em casa, ou melhor, numa cobertura, com conforto e sei lá mais o que.
Fica um sentimento de indignação. Como diziam os porcos, no clássico de George Orwell, “perante a lei, todos são iguais, mas uns são mais iguais”.
Semelhante sentimento de indignação invade os aposentados do INSS. Durante alguns anos, entidades diversas conseguiram, sabe-se lá por que desvios do caminho da retidão, criar descontos nas aposentadorias, e encherem seus bolsos. Até agora, falam em 6 bilhões de reais retirados de uma parte da população que já não tem mais a força dos braços para resolver suas questões.
Mais que um crime, quase um pecado!
Está criada uma situação difícil: como fazer para ressarcir os aposentados do dinheiro retirado de suas contas? Tenho pensado sobre isso, e imagino a dificuldade que seja fazer esse ato. Dinheiro existe, é claro. O Brasil é grande, é rico, e 6 bilhões para o país é uma migalha.
Mas, como fazer?
Ah, pega de volta o dinheiro que foi roubado. Todos sabemos como é difícil encontrar um dinheiro desviado. Parte já foi gasto, outra parte está em contas escuras, provavelmente. E a justiça é lenta. Até conseguir provar, julgar, condenar e recuperar pode levar mais tempo do que o que resta de vida aos lesados.
Bom, então o INSS deve pagar. E depois ele que vá cobrar de quem roubou. O problema é o que o dinheiro do INSS é justamente dos aposentados, e também do resto dos trabalhadores que recolheram e recolhem, todo mês, parte do que ganham. Dessa forma, usar o dinheiro do INSS seria usar justamente o dinheiro de quem foi roubado, e também do resto das pessoas que estão juntando para suas aposentadorias. Não seria devolver nada.
Resta pegar do dinheiro do governo federal. Lá deve ter uns 6 bilhões sobrando. Só que, assim como o dinheiro do INSS, o dinheiro do governo é, também, o dinheiro de quem paga impostos. Seria, de novo, usar o dinheiro de quem foi lesado para pagar o que alguém roubou. Não seria devolver nada.
Vamos ver como isso se resolve, lembrando que trata-se de gestão do dinheiro de todos os brasileiros. Sem esquecer o caso do ex-presidente, que mexeu no dinheiro de todos, foi condenado por corrupção, e não ficou nem uma semana na cadeia.