Senão, vejamos alguns números: no ano de 2017, as rodovias do Estado do Rio Grande do Sul, abrigaram 88% do transporte de cargas; as ferrovias (por incrível que pareça, em alguns lugares ainda resistem) aparecem com modestos 6% e, hidrovias e aerovias com apenas 3%.
Portanto, nossa dependência do modal rodoviário é algo tão gritante e substancial que, muito me admira os governos que passaram pelo Paço Municipal da nossa Encruzilhada do Sul, e que nada fizeram.
Desconhecimento (o que muito duvido), ou total falta de inteligência ou interesse?
Sigamos: o restante do país utiliza 65% do modal rodoviário para o transporte de suas cargas; observem que cai radicalmente os números, em referência ao nosso Rio Grande.
Governos estadual e federal, é claro que já notaram a importância de ter rodovias em condições, para facilitar o transporte e, anunciam por aí as duplicações das BRs 290, 116 e 392, a RSC 287, a conclusão da Br 285, entre tantas outras melhorias.
São os outros municípios que, vendo as oportunidades em sua frente, gritam e pedem ajuda, para aproveitar a ocasião.
Desafios logísticos que vão sendo cumpridos, aos poucos, no sentido de fluir as safras do Estado, principalmente para o Porto de Rio Grande, uma vez que somos um estado essencialmente agrícola.
Vejam que agora já estamos falando do Porto de Rio Grande.
A nossa singela, esburacada e perigosa RST-471, entende-se que é uma via de altíssima importância quando o assunto é escoamento de safra e, transportes de mercadorias que desembocam e que saem do Porto de Rio Grande.
Concordam?
É um corredor de escoamento onde a cidade de Encruzilhada do Sul reside em sua margem, concordam?
Localização geográfica feita, a pergunta é mais do que lógica: o que os governos todos que passaram pela Prefeitura Municipal, depois de inaugurada a RST-471 lá no governo de Ieda Crusius, fizeram para valorizar esta localização?
Salvo algum projeto escondido a sete chaves dentro de uma gaveta nas mesas que habitam o prédio da prefeitura municipal, nada houve, nada aconteceu, nada foi feito, nem mesmo uma maior exigência por um asfalto em perfeitas condições de trafegabilidade, uma roçada, uma melhor sinalização, uma maior atenção das autoridades competentes ou, incompetentes, como queiram.
A não ser o movimento, recentemente, de alguns abnegados munícipes que tomaram a frente exigindo maior atenção para esta estrada, principalmente porque vidas estavam (e continuarão, infelizmente, se nada fizerem) sendo ceifadas, a cada dia.
Quem não pede, não leva.
E Encruzilhada do Sul nunca levou, porque também nunca pediu.
Quantos projetos poderiam ter sido feitos, desde aquela época, para um melhor aproveitamento de todo esse trânsito aqui, em nossas barbas??
Quantas parcerias, público-privadas deixaram de acontecer, já que poderiam alegar falta de verbas?
Hotéis, oficinas, restaurantes, borracharias e tudo aquilo que envolve o transporte rodoviário poderiam estar as margens da nossa estrada…
E o que o município ganharia com isso?
Tributos, impostos, arrecadação e, com isso, reverter em melhorias para o nosso enoturismo, por exemplo.
Nosso município é talhado para tais empreendimentos em turismo, aproveitando a RSC-471, mas é quase nada a vontade destes políticos que por aqui passaram, em querer enxergar todo esse potencial.
Uma grande lástima.
Fomos agraciados com um corredor do modal rodoviário e de intenso movimento, com uma posição extremamente privilegiada, contudo, continuamos a deixar escapar as oportunidades que essa estrada oferece.
Desconhecimento? Falta de vontade? Projetos? Insensibilidade?
Deixo para vocês responderem…
“Somos um município do depois de amanhã, um município do talvez semana que vem, do passe outro dia…”
Adaptado/Nílson Souza