Nós votamos

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Um amigo meu estava enfrentando uma situação difícil com sua família. Acontece que esse meu amigo achava que era bom de negócios. Mas os negócios não tinham a mesma opinião e sua família andava preocupada com isso. Havia risco de prejuízo. Os filhos e a esposa tentavam afastar o pai de determinados negócios que pareciam duvidosos. Esse meu amigo contou como resolveu o problema:

– Convoquei uma reunião de família. Porque eu sou um homem democrático. Na reunião eu disse para eles, – enquanto eu estiver vivo quem manda sou eu!

A solução, apesar de engraçada, estava longe de ser democrática. Lembrei disso por causa das eleições no Brasil, que estão próximas. Nosso país é uma democracia direta, em que as pessoas votam para escolher quem dirige seus destinos. Isso é muito bom, e foi uma conquista da minha geração.

Na disputa mais importante, a Presidência da República, dois candidatos principais. E defendem opiniões diversas sobre como conduzir o País. Estamos divididos. Cada um dos candidatos possui um percentual de eleitores que são fiéis. Todavia, esses votos não são suficientes para vencer a eleição.

Esse é o ponto fundamental da democracia. Temos exemplos de Estados não democráticos como o nosso. Assistimos a guerra na Ucrânia, invadida pela Rússia. Que não pratica a democracia em nossos moldes. A China é outro exemplo. Interessante que são países com forte participação no mundo. Crescem bastante, muitas vezes são até invejados por alguns. Mas lá não se vota para Presidente como aqui.

É de se pensar. Será que nesses países todos concordam com o que está sendo feito? A democracia parte da ideia de que não somos todos iguais. Pensamos todos de maneira muito distinta. Temos interesses muitas vezes conflitantes. Nos Estados totalitários, quem pensa diferente fica marginalizado, e não raras vezes não fica nem vivo.

E essa é a maravilha da democracia. Ganha quem tem mais votos. Como os chamados fiéis não conseguem vencer sozinhos, é preciso negociar, ouvir, abrir concessões as ideias dos opostos. Quem garante que, nesses países totalitários, a coisa não funciona como na casa daquele meu amigo, que pensava que estava certo quando os outros enxergavam com clareza suas falhas? Entre nós e eles, fico com a nossa democracia. Reconheço que não é perfeita, mas funciona. E com ela podemos não ter o mesmo sucesso econômico de outros, mas como sociedade avançamos muito mais.