Sobre a Revolução

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Descobri um aspecto interessante sobre a Revolução Farroupilha, que eu desconhecia. Foi lendo o livro chamado “Mauá, Empresário do Império”, do historiador Jorge Caldeira. A questão é, afinal, por que a nossa durou tanto tempo? Era uma época de revoltas, federalistas, republicanas e liberais. Todas, porém breves.

O Brasil era um império. Em abril de 1831, Dom Pedro I abdicou e foi embora para Portugal. Dom Pedro II contava cinco anos de idade, e não foi coroado antes de 1841, quando então tinha já quinze anos. Para governar o império, iniciou o período das regências, una e depois tríplice como conta a história.

Na época dos fatos, o Regente era Diogo Antonio Feijó, que era também Padre e tutor de Dom Pedro II. Era um sujeito de ideias ultraconservadoras. Mas na época, também, pipocavam ideias avançadas, liberais e iluministas. A maçonaria era muito atuante, e possuía duas correntes, azul e vermelha. Azuis eram os monarquistas e vermelhos os liberais.

Bem, movimentos liberais e republicanos se formavam no nordeste do Brasil, e o governo central, por sua vez, agia de todas as formas para manter o império íntegro. E enviava tropas para combater as rebeliões. Os rebeldes se fragilizavam e eram obrigados a fugir para o interior, onde estavam os fazendeiros da cana de açúcar por exemplo, que eram escravistas e monarquistas, portanto contra as ideias liberais. Assim, os movimentos fracassavam invariavelmente.

O Rio Grande era diferente, oposto. Porque o interior da Provincia produzia bovinos, e nesse trabalho os escravos não eram muito utilizados, ao contrario das plantações de cana e café. A maioria dos escravos, por aqui, estava nas cidades, trabalhando na indústria do charque. Charque que era o principal alimento dos escravos do centro e nordeste do império. O movimento farroupilha iniciou como reação a baixa do preço do charque, e aumento de impostos. Depois tomou todo o tamanho histórico que sabemos. Mas aqui, a diferença era que os proprietários rurais eram ou maçons vermelhos, liberais, ou favoráveis a essas ideias. Então aqui, ao contrário do resto do Imperio, o movimento revoltoso nasceu no interior, e as forças imperiais ficaram sitiadas nas principais cidades. Sendo de lá expulsos.

Então, aqui está a descoberta. A província do Rio Grande era um caso diferente dentro do Império, suas lideranças inspiradas por ideias inovadoras, liberais e republicanas. E só não se manteve independente porque o Império, herdado de Portugal, era muito mais coeso que o herdado de Espanha, que se esfacelou em inúmeros países.