Dia desses conversávamos sobre os petiscos de bar e as maravilhas que existem por este mundo afora.
Aqui no Brasil, inclusive, existe um concurso nacional todos os anos, para eleger o melhor petisco de bar.
Lembro-me que num determinado ano, o grande ganhador foi nada mais nada menos que um proprietário de boteco, que era dentro de uma garagem em Belo Horizonte, onde ele servia “asinha de galinha” frita.
Sim, só isso: asinha de galinha frita, nem mais e nem menos.
Aqui também impera aquela afirmação de que menos é mais.
Vejam que os petiscos de bar não precisam ser tão sofisticados, ao contrário, quanto mais simples, melhor cai no gosto da freguesia.
Na nossa Encruzilhada do Sul, lá no Bar do Zoni, ele tinha um pastel inigualável.
Quem chegasse atrasado, corria o risco de não degustar aquele maravilhoso aperitivo.
Que era imprescindível para fazer o “lastro”.
Meu inesquecível parente e colega do Banco do Brasil dizia uma coisa fundamental e que era a regra dele: para beber alguma “coisinha”, tem que se alimentar, antes, durante e depois.
E, quando a gente começa a contar certas histórias nesta área de lazer, outras vão surgindo aos borbotões…
Essa que passo a contar para vocês abaixo, é uma história (portanto verdadeira) que dois amigos meus sempre contam…
Começo pela tradição muito antiga e que eu até hoje não sei de onde surgiu, talvez tenha sido a moda daquela época, quando nossos pais e avós (nem todos, é claro), usavam no dedo mínimo, “o minguinho”, a unha mais comprida do que as outras…quase que nem as mulheres tão usando agora, quando botam “as postiças, enormes” …
Lembram?
…meus amigos eram na época estudantes e, por consequência disso, a grana era muito pouca, e que nem precisa falar, porque estudante é sinônimo de “peladura”.
Volta e meia eles se encontravam para tomar um “aperitivo”, e nem preciso dizer qual era…, mas vou “entregar”, pois era cachaça mesmo, afinal, era o que cabia no orçamento.
Tinha um bar ali descendo a Fernandes Vieira, a meia quadra de chegar na Osvaldo Aranha, na calçada da esquerda, onde dava-se o encontro.
Olhem só o planejamento: um saía da faculdade e passava em frente ao colégio do outro e dava o “código aperitivo”: fifififififififiuuuu…um assovio que até hoje permaneceu entre a turma.
O do colégio dava uma desculpa e lá se iam eles para o bate-papo no bar.
Entre um gole e outro, lógico que batia a fome e, naquele bar o proprietário tinha dentro de um vidro verde, na conserva, aqueles ovos cozidos também já esverdeados de tanto permanecerem dentro do vinagre…e o melhor de tudo que aquele aperitivo sempre era o que cabia no orçamento.
Fazer o quê?
– Mestre, vê para nós aí dois ovos cozidos?
O proprietário era do time aquele que eu falei que usavam a unha do dedo “minguinho”, comprida.
Então, ele abria o vidro de conserva de ovos esverdeados e, com muita etiqueta, fincava aquela unha num ovo e depositava-o num pratinho, logo em seguida levava a mão dentro do vidro e fincava com a mesma unha o outro ovo, e largava-o em outro pratinho.
A perícia que ele tinha com aquele dedo e aquela unha ao fincar e conduzir os ovos para os pratinhos era fenomenal.
– Aqui nós não economizamos pratinhos! – dizia ele sorridente.
Até hoje meus dois amigos contam com “água na boca”, que era o melhor aperitivo que eles já comeram em bar.
Vai dizer o quê?
Vejam a importância que tem o petisco em um bar, aliás, ele é o coadjuvante que faz toda a diferença, sempre naquela de que “menos é mais”.
Por isso todos afirmam que não tem coisa melhor do mundo do que mesa de bar, amigos, uma bebidinha e um bom aperitivo.
E, se for ovo cozido e esverdeado espetado na unha do dedo minguinho, melhor…