AGENDA l Por onde andam os pirilampos?

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  Quero crer que essa minha conversa deva ser somente com aqueles que passaram pelo século anterior.

         Também não quando do seu epílogo, contudo da metade para trás.

         São reminiscências que afloram quando deixamos só o pensamento e, ele corre mais do que ligeiro para os “nossos bons tempos”.

         Sinceramente? Não tenho esse preconceito de que lembrar das coisas boas sempre, teria um tom de saudosista, de viver do que passou, de deixar o amanhã, para no presente fugir para o passado.

         Lembro-me sempre de que isto é sim maravilhoso, pois que eu tive e tenho do que me lembrar, dos tempos felizes que vivi na minha Bagé, da minha querida família, dos meus amigos de infância e de tudo de lindo que vi e convivi.

         Tudo isso faz eu me sentir em paz comigo mesmo.

         E os vagalumes fazem parte desta maravilhosa época.

         Por onde será que andam os pirilampos?

         A melhor lembrança me vem como se fosse num relâmpago e, acende a mente e o coração, sem nem mesmo precisar parar para organizar as ideias.

         Era sempre nas férias de verão, sempre foi no verão, depois dos exames de final de ano no colégio Auxiliadora, depois do Natal e Ano Novo, que as coisas aconteciam.

         Era lá na Rua Monsenhor Constabile Hipólito, na quadra da Usina ou no canteiro do meio de rua, entre a minha casa e a do Cádio, ou, na esquina perto da casa dos Kluwes e do Cadinho…eram lá os encontros para as brincadeiras das noites de verão em Bagé.

         Eram nessas noites que brincávamos tendo por testemunhas os pirilampos, que bailavam entre as corujas, e os sacis e as fadas.

         Aqueles mesmos vagalumes que pegávamos nas mãos sem qualquer esforço, pois eram abundantes e, em concha, fechávamos para ver ele brilhar ali, junto ao peito e diante de nossos olhos curiosos.

         Plásticos transparentes e potes não existiam e, o que se fazia era pegar os vagalumes e colocá-los nas caixinhas de fósforo, para de noite dentro do quarto de dormir, soltá-los para ver iluminarem a nossa noite e, sonhar…

         Onde será que foram parar os pirilampos?

         Aqueles que nos traziam tantas imaginações, com suas luzes verde, passeando pelas noites de Bagé, ali na frente da oficina do seu Consentino.

         Na antiga fábrica da Brahma.

         Nas noites de verão, lindas noites de verão.

         Para onde foram os vagalumes que não se vê mais?

         Nem nas noites de verão…

         Acabaram-se os sonhos? A imaginação?

         E a curiosidade em saber de onde vinha aquela luzinha dos vagalumes?

         Para que mundo os lindos pirilampos da minha infância se mudaram?

         Para os filmes de Walt Disney?

         Não os vejo mais.

         Como explicar para as nossas crianças, “como é que funciona um vagalume”, se eles não andam mais por aí, livres e soltos com as suas belas luzes verde?

         …as lanternas-pirilampos que não são da cidade, são dos nossos lindos tempos de criança pelas calçadas nas noites de verão…

         Não, não são pirilampos essas estrelas lá fora…

Não estão mais em nossas mãos em concha, nem dentro das caixinhas de fósforo, não vagueiam mais nos quartos escuros das casas de Bagé.

Por onde andam os pirilampos?