AGENDA l Não ganhou, por quê?

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  Analisar o resultado de uma eleição é preciso abordar as mais diversas nuances que a envolveu, sem sombra de dúvidas.

         Contudo, existem motivos que saltam aos olhos dos eleitores e que não são tão difíceis assim para admiti-los.

         Um deles nos diz que o Sr. Bolsonaro perdeu para si mesmo, por suas intempestividades, suas opiniões e ações, não mais do que isso, num primeiro momento de análise.

         Tal qual o Sr. Bolsonaro foi vitorioso em 2018, pelo mesmo conseguinte o Sr. Lula levou a melhor agora em 2022.

         Os motivos são praticamente os mesmos, ou seja, lá em 2018 o povo havia se cansado do PT e de Lula e queria experimentar uma mudança e, hoje, nestas eleições de 2022, o mesmo aconteceu, pois nas urnas foi colocada a vontade do povo brasileiro de dizer que não queriam mais o governo Bolsonaro.

         A democracia tem este viés, que considero um grande privilégio, ou seja, se não gostar de um governo, tem a possibilidade de trocá-lo após quatro anos.

         Nada é mais democrático, nada é mais saudável.

         Mas, se fizermos uma análise mais apurada, vamos verificar que o Sr. Bolsonaro pecou muito em sua trajetória no Palácio do Planalto.

         A começar pela vacina contra a Covid-19 e suas consequências, quando hoje o Brasil beira a 700 mil mortes, com 34,8 milhões de casos.

         Não foi uma gripezinha não; se tornou agora a tal da gripezinha (mas com sintomas muito fortes ainda em algumas pessoas, outras nem tanto) graças a Ciência, seus pesquisadores e a criação de uma vacina realmente eficaz.

         Em um outro momento, vamos e convenhamos, o poder aquisitivo do povo brasileiro caiu muito, seja pela pandemia, pela guerra na Ucrânia, pela alta dos combustíveis, pelas secas regionalizadas, contudo não podemos fugir desta realidade, quando nas gôndolas dos supermercados o que se comprava no dia de ontem, hoje não mais.

         Também não podemos esquecer da grande decepção, para todos os que se consideram honestos e justos, do desmanche paulatino da Operação Lava-Jato, quando o grande sistema de corrupção neste país estava sendo massivamente derrotado.

         Foi um erro crasso.

         A suspeita de irregularidades, que possam estar (se é que existem, precisamos ressaltar) no tal “arquivo secreto dos cem anos” e, que Lula em debate prometeu baixar um decreto no primeiro dia de seu mandato para descobrir, de fato, o que foi colocado lá, também oscilou e muito o embalo do governo de Bolsonaro.

         Junta-se aí a compra de 51 imóveis, com dinheiro vivo, o que provavelmente tenha confundido muito o eleitor, pois de um lado dizia-se que era em moeda corrente, ou seja, com a moeda do país, o Real e, de outro, talvez para colher dividendos eleitorais e que na verdade “colou”, estava a compra em “dinheiro ao vivo e em cores”.

         Neste momento, a rejeição de grande parte do eleitorado já era uma verdade, e as pesquisas, muito embora a léguas do acontecido nas urnas (pesquisas precisam urgentemente serem repensadas), davam a tendência do resultado das eleições.

         A voz impostada num tom mais alto, que provavelmente trouxe da caserna, o jeito tosco e direto de se expressar e sua impulsividade, deram mais um toque a sua derrota.

         Estamos falando apenas dos possíveis erros, estratégicos que foram, e que apontaram seu insucesso nas urnas, e mais uma oposição incessante, ferrenha e implacável que sofreu deste o primeiro dia de seu mandato, não só politicamente, mas emanadas de outros poderes constituídos, também.

         Incontestavelmente tornou-se o maior líder da direita neste país, mesmo derrotado nas urnas e, agora, é esperar para ver o que vai acontecer…

         Se é que vai acontecer.