Índios, adeus

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Brazil. Amazon rain forest. Yanomami indian girl.

Causa horror assistir as imagens do sofrimento dos índios Yanomami, em Roraima. Morrendo de fome, doença, envenenamento. Coitada dessa gente! Como pode, lá naquele fundão, onde eles conhecem tudo, não encontrarem alimento?

Se eles não tem comida, é porque as fontes de sua alimentação, que devem ser essências silvestres, peixes, caça, já desapareceram. Então, não é só uma catástrofe indígena, é uma catástrofe ambiental. Causada pela omissão, ao que tudo indica, do Estado frente ao garimpo ilegal.

Pois é, de quem é a culpa. Do Estado ou dos garimpeiros? Omissão é crime. Crime de responsabilidade. Sim, mas garimpo ilegal é também, e muito pior. Me vem à memória o caso da boate Kiss, em Santa Maria. O Estado foi omisso, deveria ter fiscalizado melhor. Mas os donos utilizaram materiais combustíveis, produtores de fumaça tóxica, não fizeram saídas de emergência como manda a lei. Morreram quase trezentos jovens.

Para mim, a culpa do que aconteceu é dos donos do negócio. Porque, se os indivíduos cumprissem as leis, nem precisaria de polícia.

Se a ação do Estado fosse tudo, então agora a questão se resolveria mandando a polícia prender todos os garimpeiros. O problema é que lá tem ouro, ouro desperta cobiça e pode a policia passar prendendo gente que sempre virá mais gente, atrás desses tesouros.

É uma situação complicadíssima. Mas é a essência da humanidade. Cobiça. A história das Américas é a história do massacre de indígenas. Nosso Rio Grande era povoado por índios. Restam poucos povoados. Como restam poucas áreas nativas. Produção, desenvolvimento, geração de riqueza. E o ambiente nativo vai desaparecendo. Os índios são visíveis, sua tragédia dói particularmente porque são gente como nós. Mas o resto todo está sendo “civilizado”.

Francisco Pizarro, o conquistador espanhol, entrou na América ali pelas Guianas. Atravessou a região das selvas e chegou à região do Império Inca, onde matou o Imperador Ataualpa e saqueou todo o ouro. De quebra, dizimou com os nativos. Tinha todo o apoio da coroa Espanhola e da Igreja. Qual a diferença entre esse Pizarro e um garimpeiro? A única que consigo perceber é que aquele era apoiado pelo Estado, e hoje o Estado se vê incapaz de frear essa gente.

O tempo passa e o homem não muda.