Esse final de janeiro, início de fevereiro trouxe as chuvas de volta a Encruzilhada. Tudo está verde de novo. Salvo algumas exceções pontuais, a safra de verão das lavouras de soja tende, agora, a produzir razoavelmente.
Ao contrário de outras regiões do Estado, tradicionalmente produtoras do grão, onde a estiagem prejudicou de forma definitiva a produtividade dos cultivos.
Essa é a razão da atração exercida por nossas terras sobre lavoureiros que estão se estabelecendo por aqui.
Agora, vem a questão: por que, então, se aqui está produzindo melhor que lá, as terras não valem tanto como lá? Fala-se em torno de mil sacas de soja por hectare, nas regiões preferenciais de produção. Algo como cento e oitenta mil reais. Enquanto as nossas estão valendo quarenta ou cinquenta mil no máximo.
A resposta é, ainda não valem.
Na virada do século, quando as empresas florestadoras começaram a comprar terras aqui, muita gente vendeu suas propriedades por menos de mil reais o hectare. Qualquer coisa acima de mil era um negócio da china. Encruzilhada produzia bovinos e ovinos, e a pecuária estava extremamente desvalorizada devido a inúmeros problemas.
Isso me faz lembrar um pouco a história do Texas. Lá, no inicio do século XX, as fazendas eram enormes, e criavam bovinos. Precisavam de uns cinco hectares para alimentar uma vaca. Porque era seco, não produzia capim. Um dia, um sujeito foi cavar um poço atrás de água e encontrou petróleo. E os motores a explosão estavam substituindo carvão e tração animal. Em poucos anos, a riqueza tomou conta da região.
Encruzilhada parece estar assim. Florestas, soja, uva, pecã, oliveiras. Riquezas que estão sendo produzidas. Valorizando as terras.
Negócios com terras são estranhos. Penso em duas pessoas, ligadas a terra. Uma que gosta de produzir e outra que por alguma razão possui um pedaço e quer vender. Para quem gosta de produzir, essa inflação nos preços não é boa, porque fica cada vez mais difícil o acesso a um pedaço a mais. E para quem pensa em vender, fica esquisito, porque por melhor que seja o preço de venda, sempre será menor que o de amanhã. Exemplo disso são as vendas para as florestadoras. Mil reais era muito na época, mas hoje é quase ridículo.