Mal começou a copa do mundo e já deu diversão. A Argentina perdeu! Não adianta, podem dizer o que for, mas não tem como torcer para os vizinhos. Sem culpas, eles também torcem contra nós. Na copa brasileira eu vi o jogo da Argentina contra a Nigéria, no Beira Rio. O tempo inteiro eles cantavam, muito bacana, mas a música era contra nós. Diziam que Maradona é maior que Pelé. Não é. Não foi.
Na nossa copa, grandes obras foram projetadas. Seria o ganho nacional por sediar o evento. Nada foi feito. Trancavam o transito nas ruas por onde os torcedores andavam, e os vídeos encaminhados para o mundo todo mostravam um Brasil dos sonhos. Como fizeram na Africa do Sul, na Russia, e devem estar fazendo no Catar.
A tevê Bandeirantes denunciou mais de seis mil empregados mortos, quase todos estrangeiros, nas obras da copa. Também, dureza trabalhar em construção civil com temperaturas que chegam a 50 graus. No Catar chove no máximo 15 milímetros por ano. Chuva que a gente nem conta por aqui.
Como vantagem, apresentam desmatamento zero. Meta do Brasil nos próximos anos. Claro que o fato de lá ser deserto e não haver árvores ajuda, e claro que por outro lado vendem oceanos de petróleo para o mundo inteiro. Sabemos que o petróleo é a maior fonte de poluição atmosférica no planeta. Disparado a maior causa do efeito estufa. E o mundo cobra a nós, brasileiros, que cuidemos da Amazônia, porque o mundo inteiro não quer parar de queimar petróleo.
Detalhes de como as coisas podem ser vistas de diferentes ângulos. Tem mais um aqui, que eu descobri. O Catar é um emirado, um estado absolutista, sem democracia. Onde existe punição para quem criticar o Emir pelas redes sociais. Vive pouca gente por lá, e a grande maioria é composta de estrangeiros que trabalham em condições pouco respeitosas. No entanto, não existe boicote a seu petróleo. Como sofre a Venezuela, por exemplo. Longe de mim defender um governo como o do país vizinho. Mas que o tratamento não é igual, não é.
Enfim, copa do mundo é assim. A FIFA ensina a lustrar a imagem do país sede. Tudo é bonito, mas não muito real. Real é o jogo. O futebol. Os craques, a torcida. A Arábia, que alegrou a terça feira chuvosa da gauchada. A Argentina passa por uma fase terrível. Empobreceram muito nos últimos anos. Dá pena. Mas fica a lição. Humildade, disciplina e vontade movem montanhas. E perder é do jogo.
