BEM QUE PODERIAM LAVAR A LOUÇA…
Não tem quem não conheça, ao menos, uma superstição.
Nosso país é uma mistura de povos e crenças e, justamente por aí é que as “frases” nascem e, embalam a vida de muita gente.
– Se tem uma coisa que eu não faço é passar por debaixo de uma escada…dá azar.
– Fulano, bate na madeira, que tira o azar!
– Beltrano, desvira esse chinelo!
Antigamente diziam que, deixar um chinelo “de cabeça para baixo”, era anúncio de maus presságios.
Quer se queira ou não, e, embora a grande maioria não expresse as superstições as quais acredita, pois pensam que todo aquele que crê nessas “frases”, deixa uma imagem de “desvalorizado”, mesmo assim elas existem e são largamente praticadas.
É a crença popular, e vale muito.
– Nunca abra um guarda-chuva dentro de casa.
Isto, segundo a crença, traz na vida de quem fez este ato, mau agouro, azar.
Já por lá e na minha terra natal, sempre ouvi falar que abrir um guarda-chuva dentro de sua própria casa, esta pessoa não iria se casar.
Certamente as “moçoilas” jamais duvidariam disso e, em sendo assim, nunca ousariam abrir uma sombrinha dentro de casa.
Prezadas leitoras nascidas nas décadas de 50/60: vocês, algum dia, abriram uma sombrinha dentro de casa?
Acredito que não.
E por que a pergunta vai para as moçoilas lá da década de 50/60?
Simplesmente porque nos dias de hoje, mesmo que, ao menos na fé católica seja nominado como um sacramento, o casamento está totalmente “démodé”.
Este até seria um tom para uma outra crônica, mas deixemos assim…
Por falar em casamento, existe outra superstição que é levada “muito a sério” e, segundo as tradições, ela é cumprida à risca: desde a data do noivado até o dia do casamento, o noivo jamais pode ver a sua amada com o seu vestido de noiva.
Caso contrário, trará má sorte para a união, ou, mais popularmente, o casamento não sai.
Bah! Essa é “coisa forte”, vocês sabem, né?
Como podem ver, as superstições são bastante contundentes, e, normalmente falam especificamente de azar.
Mas, quero contar para vocês o que eu ouvi, numa linda noite, amena, estrelada e numa mesa de um bar, e ao ar livre…
A história até é muito engraçada e traz em seu contexto, naturalmente, uma superstição, porém, muito “doméstica” e serena (ao menos parece), tal qual à noite em que estávamos.
Pois bem, segundo o que dizem por aí, as pessoas precisam ter o máximo de cuidado em não deixar louças sujas na pia para lavá-las somente no outro dia.
É porque isso “chama” os espíritos ruins, pois eles “descem”, para comer os alimentos que restaram nos pratos, nas xícaras, nas panelas etc. e tal.
Até aí, a história, ou a superstição tem fundamento, tem um cunho de mistério e medo.
Nunca ouviram o tilintar de louças, garfos e facas na cozinha de sua casa, na madrugada?
No entanto, justamente nessa história, existe uma réplica e que não deixa margem para a tréplica.
A contestação vem através de uma pergunta muito simples e, pensando bem, tem também o seu “quê” de enigma, de incógnita, de incompreensão nossa, ditos humanos:
Pois lá naquela mesa de bar, naquela noite maravilhosa, cheia de estrelas, ao ouvirem a tal história dos pratos sujos, perguntaram:
– Se a louça, as panelas, garfos, facas etc. e tal, que ficam sujas da noite para o dia, atrai os espíritos ruins, por que, então, os bons espíritos, em proteção àquele lar, àquelas pessoas, não “descem” antes, para lavar a louça?