A procissão da vida

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    “Como é estranha a pequena procissão da nossa vida.” – Stephen Leacock – escritor e economista anglo-canadense.

        Sinceramente, não lembro de me ter surpreso em falar, lá, quando eu ainda era um menino, que gostaria de ter mais idade…

        Afinal de contas, o que poderia eu querer com isso?

        Depois, quando jovem, talvez então viesse a célebre frase: quando eu for grande…

        E o que eu seria quando fosse grande: médico, engenheiro, agrônomo…?

        Senão, depois de ser intitulado adulto, nunca faltou alguém em perguntar:  e daí, quando tu vais te casar?

        Família?

        Filhos?

        Mas, será que existiam razões pela impaciência?

        Quando percebemos, as perguntas todas da vida que nos fizeram, resumiu-se em apenas uma: vais te aposentar quando?

        …só então, a vida vai ter outros horizontes, vão abrir todas aquelas oportunidades que eu sempre almejei, todavia, nunca as fiz, pois que não tive tempo…

        Pois que sempre existiu as equações domiciliares normais a quem buscou responsabilidades entremeadas com muito amor à família e aos filhos, e eles já estavam a dizer:…quando eu for grande…

        Ah, quando eu me aposentar…pois que já fui grande…

Aprendi com Deus que até o céu tem seus dias de azul e de cinza, de nuvens e de sol, de luz e de escuridão, mas que tudo acontece no seu tempo.

        Aliás, as crianças têm esta parte da vida a seu favor, ou seja, a eternidade.

        Sim, mas também é perceptível que a vida passa rápido demais…depois, que já “fomos grandes” …

        Aprendam: nunca sabemos quando vai ser a última vez…

        Ah! O “sermos grandes” vai chegar, contudo, lança-se o olhar sobre o caminho percorrido e um vento gélido parece varrer nossas esperanças, as esperanças de vislumbrar aqueles horizontes almejados, pois que ao invés de vivermos a vida, vivemos o inalcançável do amanhã, sem aproveitar o hoje.

        E por quê?

        Porque fomos apressados demais em nossos anseios, fomos rápidos demais em querer viver a vida, e não aproveitamos a cada etapa com a real necessidade de sermos quem deveríamos ser, o que deixamos de ser.

        Saibam que o antes da vida nos dá o texto, mas os próximos anos que à nossa frente estão, nos dá a certeza do que aqui tecemos.

        O tempo leva a vida embora.

        A verdade é que na juventude, anos tenros em que o futuro é quem ditava às regras (inerente equívoco), não aprendemos, todavia nesta “nova velhice”, nós entendemos.

        E o que entendemos, embora tarde?

        Que a vida, está em se viver, está no tecido de cada dia, no bordado rútilo de cada hora.

        Viver é aqui e agora. É hoje.

        Sim, faça planos, deseje, devaneie…não custa nada sonhar, viajar nos braços do infinito, onde tudo é mais bonito… mas não deixe viver o agora, o seu momento, o hoje.

        Certo poeta romano assim disse: “Cada dia constitui uma vida nova para o homem que sabe viver”.

        Pelo que, então, deduzimos: nosso principal objetivo não é viver o que se encontra vagamente e a distância, naquele mundo de ilusões, mas, sim, viver o que se vive claramente ao nosso alcance, tangível, ou seja, viva o hoje.

Carpe Diem, quam minimum crédula póstero.

(Aproveite o dia e confie o mínimo possível no amanhã.)

Horácio Flaco – poeta e filósofo romano

 

Feliz Ano Novo!