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MORDIDA DA FALECIDA

         Depois a gente conta e ninguém acredita.

         Mas foi verdade.

         Segundo estudos biológicos, vamos esclarecer para que a história tenha lógica.

 Existem movimentos involuntários de seres que já morreram, por causa das células nervosas.

 E, neste caso tem a ver com os sais minerais que transitam por estas células e que são responsáveis por regular os impulsos nervosos até os músculos, podendo causar danos, como desta vez, ou seja, um dedo suturado com pontos. 

         Até vocês podem achar que o assunto é um tanto tétrico, mas, na verdade, ele é um tanto “acidental” e, por outro lado, engraçado, mesmo porque a dor não foi minha, naturalmente.

         Ah! Mas garanto que é história de pescador…

         Pois é, a questão da “falecida” vem a ser mesmo uma história de pescador, mas garanto para vocês que ela é totalmente verdadeira.

         Estamos falando de uma traíra (Hoplias spp.), gênero de peixes carnívoros de água doce, da família Erythrinidae.

E o peixe, mesmo depois de retirado da água e do anzol, mesmo tendo “falecido”, os sinais elétricos ainda são transmitidos para os seus músculos e, quem pesca sabe que o dente de uma traíra é bem afiado (ele, este meu amigo que o diga).

         E o “causo” se deu já na volta desta tal pescaria e, na preguiça dos pescadores (e na fúria da dona da casa que não limparam os peixes “à campo”) foram limpá-los no tanque da casa de um deles.

         Haviam passado à noite toda na beira de um açude (vai dizer que não é um baita programa?), tendo levantado o acampamento de manhã cedo, e “deitado o cabelo prás casas”.

         Mas a lida ainda lhes esperava: limpar os peixes, no caso, as traíras.

         E lá estavam eles (eram dois), totalmente sonolentos, limpando a pesca…um escamava e o outro fazia o “asseio interno”, jogando-os depois de lavados em uma bacia.

         Mas não é que a casa foi acordada com um berro descomunal…

         Um dos nossos pescadores, naquele momento, sentiu uma dor lancinante, um “baita” grito e logo sua mão estava ensanguentada…foi uma correria só…

         A dona da casa correu ao encontro deles (sabe-se lá o que pensou e o que aconteceu…), viu a lambança toda e tratou logo de providenciar os primeiros socorros.

– Foi com a faca, foi com a faca?? – perguntava aflita

         Pois não é que o “azarado” agarrou uma traíra escamada, limpa e lavada e a dita cuja atracou os dentes em um dos dedos dele?

         Uma dor lancinante!

         Falecida, escamada, limpa e lavada, dentro de uma bacia?

         Vocês até podem não acreditar, mas a mordida foi mesmo da falecida!

         Escamada, limpa e lavada…e não é mentira de pescador, acreditem….está nos anais do plantão médico…um dedo suturado.