SOBREVIVEMOS!
“Hoje é domingo, e encilhei meu estradeiro, já botei água- de-cheiro…” – Noel Guarany.
Lembram desta “baita marca”?
Pois é, hoje é domingo (19/11/2023) e, justamente agora, quando são exatamente 19:07h, na sala da minha casa, a televisão está ligada e o que vejo?
Uma propaganda em um programa de tv, onde fazem o comercial de um produto para “após picadas de insetos”.
Isso é coisa moderna, dá prá se ver muito bem, e, em sendo assim, fez-me voltar naqueles velhos tempos da minha Bagé, onde o verão era uma das melhores estações, tirando, é claro, os mosquitos.
Quando os exames finais no colégio (eu tive o privilégio de raras vezes ter que enfrentar exames, pois me dedicava ao máximo para sempre poder passar por média) chegavam ao seu tempo, também era o anúncio de que o verão estava chegando também.
Coisas de guri: toda aquela roupa dos dias comuns, onde o uniforme do colégio, quase sempre era obrigatório, era abolida e, o “traje típico” da estação era calção e pés descalços.
Querem coisa melhor? …pés descalços…
Claro que, no fim das tardes e após e todos os dias tomar banho, vinham então a calça curta, camisa e um sandália.
Ainda mais se íamos visitar algum parente, como os avós, alguma tia, ou uma família amiga do pai ou da mãe.
Naqueles tempos sim, se fazia visitas às pessoas e, mais ainda, sentávamo-nos na frente das casas, nas calçadas…
Não preciso dizer que antes de sair de casa, havia os avisos: comportem-se, não façam isso, não façam aquilo, obedeçam…bastava um olhar mais sério por qualquer peraltice e sabíamos que na volta ia ter algum “desgaste”.
Nem por isso houve sequelas…muito e antes pelo contrário, contribuiu e muito para a formação de nosso caráter, para preparar-nos para a vida que estaria logo ali na frente, onde estes exemplos forjaram sim nossa educação e civilidade.
Mas, e os mosquitos?
Pois é, vocês já ouviram falar no “flit”? Vocês algum dia viram “flitar” a casa, principalmente os quartos?
Na minha casa, todas as noites e no verão somente, Seu Carretta, que era o “cuidador” do nosso bem-estar, sempre “flitava” os quartos para que, se tivessem mosquitos à espreita de alimentação, fossem convidados a buscar outras paragens ou, mais intrepidamente que fossem, encontrariam o “embarque eterno”.
A rotina era sempre a mesma, quer fôssemos fazer visitas, quer fôssemos ficar em casa … cadeiras eram dispostas na frente da casa para que os quartos pudessem ser “flitados” e tivéssemos uma noite em paz e sem mosquitos.
O “flit”, que era a marca de um produto daquela época, nada mais era do que um inseticida para acabar com os mosquitos e todo o tipo de pernilongos que porventura habitassem a casa.
Existia “a máquina do flit”, que era o borrifador, soprando jatos em spray do produto, para que ficasse no ar e afugentassem os mosquitos.
Simples assim.
Sinceramente, eu gostava do cheiro do “flit”, contudo meu pai sempre nos afastava de qualquer ambiente que tivesse o produto, pois dizia que ele era tóxico.
Sei lá, mas será que as visitas nas noites no verão ou o sentar na frente das casas lá na minha querida Bagé, não era por causa do “flit”?
Bom, ao menos o “flit” funcionava e tinha um tempo certo para que pudéssemos retornar aos quartos de dormir.
Ah, mas e quando chovia? Não tinha essa…o “flit” agia mesmo assim e o paradouro…
… o paradouro era sempre nas salas de visita da casa, ou nas cozinhas, com um bom “jogo de damas” ou uma “vispora” …o feijão do jogo era usado no dia seguinte, pois já estava escolhido…
Hoje os tempos são outros, conforme a propaganda na televisão…” após picadas de insetos” …
Sobrevivemos tranquilamente ao “flit”.