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RETRATOS DA VIDA

        Como são as coisas, né?

        Semana passada conversamos sobre “A Idade do  Conforto”…aquela idade em que a gente já nem quer mais sair de casa, se é que tem que entrar numa fila de um bar, de um restaurante, se é que tem que escutar uma música “bate-estaca” e não uma boa MPB, se não se pode nem conversar por causa do volume exagerado de um rock, num local onde não tem mesa para sentar, um show que tem que ficar em pé, onde não tem uma boa carta de vinho e um balde de gelo para refrescar o dito cujo (aos enochatos: cada um toma o seu vinho do jeito que gosta, estamos combinados?)…enfim…

        Sem sombra de dúvidas estamos, eu e uns quantos ao meu lado e até longe de mim, por aí, na idade do conforto, ou seja, só vamos, ou melhor, nós queremos é que a “sala da nossa casa” seja projetada em bares, restaurantes, casas de show, etc., e tal.

        Vai dizer que, não é assim?

        Pois é, mas a vida nos reserva cada uma, que sem sombra de dúvidas nos dá uma lição sempre e a cada dia de nossas existências.

        E eu adoro essas lições, eu fico extasiado e contemplo com gratidão o ensinamento que eu recebo da vida e que eu determino como “retratos da vida”.

        Para vocês, pode ter outra denominação, como por exemplo “janelas da existência”, flagrantes da vida real”, “ocasiões do tempo” …cada um com as suas interpretações e nominações.

        Vejam só, ou melhor leiam só:

        Eu precisei ir em um determinado supermercado em outra cidade que não era, naturalmente, em Encruzilhada do Sul.

        O fato se deu numa segunda-feira e à tarde.

        Vejam bem: segunda-feira à tarde e, na minha concepção, pelo visto havia acontecido um belo e emocionante final de semana.

        Então, fiz as minhas compras, me encaminhei para a fila dos caixas e, naturalmente, procurei a fila dos 60+, porque além de eu ter esse direito, além deste ser o caixa dos 60+, as outras filas são quilométricas.

        À minha frente, me deparo com um senhor praticamente da minha altura, meio calvo, mas com os cabelos longos, brancos branquinhos como os meus, uma barba também branca e espessa, usando uma calça jeans, uma bota de bico fino, camisa xadrez e uma jaqueta de nylon, sem mangas, tipo colete “Puffer”, sabem como é?

        Fiquei curioso com esta figura, principalmente pelo que ele estava comprando, mas também para saber qual seria o meio de locomoção dele: uma moto HD? Um Jaguar? Um MP Lafer? Ou um skate?

        Com toda a certeza tinha mais idade do que eu…provavelmente acima dos seus 75 anos…, mas a fisionomia e o seu estado de espírito não diziam isso, ou seja, que a idade dele era dos altos dos 75 anos ou mais…

        Alegre, conversador, simpático, educado…

        Olhem como é a vida…

        Volto a dizer: esse “flagrante da vida real” me deixou encantado, me deu muita alegria, fiquei enlevado com a aura deste senhor…ele esbanjava e distribuía boas energias.

Sua presença ali e naquele local, naquele momento, era reconfortador.

        Com toda a certeza o fim de semana dele tinha sido magnífico…com toda a certeza ele fez uma grande festa na sala da sua casa ou apartamento, ou, transferiu a sala da sua casa ou apartamento para um barzinho ou restaurante, ou um show, ou um baile…

        E sabem o que ele, numa segunda-feira, em um supermercado, às 16:18 h da tarde, trazia em sua cesta de compras:

        Pasmem: um litro de Jack Daniel’s, duas latas de Red Bull e uma carteira de cigarros…

        Numa segunda-feira, às 16:18 h da tarde…???

        Agradeço a Deus por ter me permitido presenciar esta “ocasião do tempo”, com muita energia positiva e de ter me dado uma bela de uma lição de vida.