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BAH! NÃO CONHEÇO MAIS…

         Se tem uma coisa de que eu gosto muito é sentar-se num restaurante ou lancheria à beira de uma estrada…

         …que tenha um janelão onde eu possa admirar o trânsito na “faixa” em frente…

         Muitas das vezes eu granjeio um ciúme branco das casas à beira da estrada e que tenha um segundo piso com uma ampla sacada, onde lá existem cadeiras à sombra, num fim de tarde e com um chimarrão topetudo…para se distrair olhando o trânsito…

         Fazer o exercício de tentar adivinhar para onde vai aquele carro, com aquelas pessoas…visitar parentes, de volta para as suas casas, em busca de saúde, e os caminhões então…de onde vêm, para onde vão, quanto tempo já estão na estrada, almoçaram onde, descansaram?…

         Ou, simplesmente olhar…divagar… imaginar…sem pensar em nada.

         Para mim é um lenitivo, um bálsamo para a alma e o coração.

         Eu faço esse exercício, muito porque eu não tenho esta casa com esta sacada, num segundo piso e de frente para uma estrada, então, minha imaginação viaja enquanto eu também viajo e passo pelas sacadas das estradas, ou, em uma mesa de frente…

         Cultuo e muito.

         Me faz bem.

         E, quando eu tenho a oportunidade, com toda a certeza eu escolho um restaurante ou uma lancheria, quando eu estou viajando e, que tenha uma mesa de frente para o movimento da estrada.

         Da última vez, e não estou aqui fazendo propaganda nenhuma, parei no Restaurante (ou Cantina) do Gringo, ali, logo antes do Parque Eldorado, no sentido Capital-Pantano Grande.

         Uma comida tipicamente italiana, de um paladar maravilhoso, farta e com todos os devidos acompanhamentos.

         Já é a terceira vez que chego ali.

         Adivinhem por qual motivo?

         É que ali, no Gringo, eu tenho a oportunidade de sentar-me numa cadeira, junto a uma mesa e de frente para a BR-290 e, de lambuja, um ótimo cardápio.

         Não preciso dizer a vocês de o quanto eu gosto daqueles momentos.

         Sim, a comida é muito gostosa, mas o movimento da estrada me traz uns bons instantes de paz e contemplação…

         E, daí, ou seja, nesta contemplação de um dia desses, que me dei conta de que estou bastante desatualizado…Virgem Nossa…

         Pois desta última vez, parei-me a tentar identificar a marca dos automóveis que por ali passavam e adivinhem o que aconteceu?

         Pois é… raros foram aqueles que eu identifiquei a marca e o modelo.

         Bota desatualizado nisso!

         Então, tive que admitir que o tempo passou, é verdade, e que sou da época então do Corcel I e II, do Chevette, da Ford F-100, do Fiat 147, do Opala, do Dodge Polar (não era nem Antárctica e nem Brahma), do Passat… e logicamente no inesquecível e incomparável Fusca.

         Que coisa, heim?

         Nem me atrevo aqui a citar o nome dos carros de hoje, mesmo porque são muito poucos os que eu sei denominar.

         E, se me dessem um “ladinho” (não vale rir), naturalmente eu ainda poderia falar do Karmann-Guia, do Impala (Rabo-de-Peixe), do Simca Chambord, Tufão ou a Jangada, o Cadillac, o DKW Belcar, o Gordini…

         …esses eu, com toda a certeza, saberia identificar “de pronto” …

         Vejam quantas recordações uma refeição, numa mesa em frente a uma estrada, nos trazem…

         Simplesmente eu sempre fico maravilhado, olhando o movimento das estradas e, até agora, ainda estou encantados com as minhas recordações… mesmo que desatualizado automobilisticamente.