Nesse espaço que ocupo, procuro sempre trazer experiências, histórias, notícias que me motivem. Toda a semana, quando escrevo, reservo esse tempo para mim e para os amigos que imagino lendo o que escrevo. Procuro trazer coisas agradáveis, desafiadoras e interessantes.
Às vezes, no entanto, me critico, cobrando de mim mesmo escrever sobre as notícias do momento. Me assombra um quase sentimento de alienação sobre as minhas histórias, porque leio jornais, revistas, blogs, e são quase todos sobre essas notícias da hora.
Tipo, – não vai escrever sobre o tiro no Trump?
Resolvi que não.
Mas vou escrever sobre as notícias do momento. A dessa semana é o tiro, há uns dias atrás, eram as enchentes, antes a guerra de Gaza, a guerra da Ucrânia, a boate Kiss.
A questão é que as notícias do momento, nos abalam de uma forma tal que parece que o mundo vai explodir se não pensarmos ou não tomarmos uma atitude com relação a elas.
E aí desaparecem.
Só para deixar a memória bem clara, os danos das enchentes continuam. Sei de um grupo de voluntários, daqui de Encruzilhada, que faz marmitas todas as semanas para desabrigados, e que continua fazendo. O que significa que, mesmo as notícias das enchentes tendo deixado a primeira capa dos noticiários, as pessoas ainda estão desabrigadas, passando frio e fome. As cidades continuam devastadas e o pessoal sem casa, estrada e trabalho.
A guerra de Gaza e a guerra da Ucrânia continuam matando gente, destruindo cidades e a vida das pessoas. Mas cada vez se fala menos disso.
Pior ainda, o incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, que matou quase 300 jovens, há uns 12 anos atrás. Não é mais notícia, e ninguém foi responsabilizado. Mas as famílias continuam sofrendo.
Enfim. Tenho vontade de escrever sobre essas coisas, mas fico com a impressão de que são parte de um sistema todo que controla a vida das pessoas. Porque enquanto nos preocupamos com Gaza, Ucrania, Trump e companhia, nosso dia a dia segue. E às vezes deixamos de dedicar nosso tempo para o que é verdadeiramente importante. Nossa casa, nossa família, desejos, saúde, e a consciência de que o mais importante e legal de tudo é estar vivo e aprendendo coisas novas.
É nisso que procuro pensar quando sento na frente do computador para escrever. Me ajuda a ser mais feliz.
