Angústia

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Assombroso aquele vídeo mostrando a queda do avião em São Paulo. Como se fosse um aviãozinho de brinquedo, ele desce rodando até se espatifar no chão. Ninguém sobreviveu. A análise da posição dos corpos mostrou que os passageiros estavam cientes da queda, e em posição de defesa, conforme ensina o manual de voo. Cabeça no meio das pernas, braços prendendo os joelhos.

Acho que é isso que causa tanta comoção. A gente se coloca no lugar dessas pessoas, vivendo esses últimos momentos de forma tão dramática. O avião levou pouco mais de um minuto para cair. Tempo de menos para qualquer reação, tempo demais para compreender o que estava acontecendo.

O inquérito sobre o que aconteceu vai demorar, mas a hipótese mais provável é a formação de gelo nas asas, que prejudicou a aerodinâmica e colapsou o voo. Fala-se inclusive de possível ação das mudanças climáticas, causando mudanças repentinas e incontroláveis das condições atmosféricas. Como no caso daquele veleiro de luxo na Itália, que enfrentou uma tromba dágua inesperada e afundou.

A questão, nos aviões, é que o passageiro coloca a sua vida na mão de outros. Construtores da aeronave, empresas de aviação, equipes de manutenção, pilotos, controladores de voo. Uma vez decolado, não tem como sair lá de dentro. Dizem ser o meio de viajar mais seguro. Mas a gente sempre pensa que pode pular de um carro num momento de pânico, ou de um ônibus, ou sair nadando de um navio, mas não tem como descer de um avião.

Daí vem o assombro com um desastre como esse. Da perda do controle. E é verdade mesmo, embora não seja tão fácil assim saltar de um automóvel no momento de um acidente.

O que se sabe é que inúmeros fatores contribuem para um desastre, de qualquer meio de transporte. Muita coisa tem dar errada ao mesmo tempo para um acidente.

E nunca se estará livre dos acidentes. No entanto, é preciso aprender com eles. No mundo da aviação, parece que esse aprendizado é mais eficiente que no dos transportes terrestres. Se avaliam as caixas pretas, empresas, torres de controle e se traçam novos procedimentos. Não se vê acontecerem acidentes iguais. O que é, de certa forma, tranquilizador, mesmo diante de cenas tão horríveis como a desta queda.