Bacia das chuvas

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Por incrível que pareça, o Rio Grande está pedindo chuva. Incrível, porque há menos de meio ano a maior enchente já registrada por aqui causou prejuízos incalculáveis, matou um monte de gente, destruiu casas e cidades.

Mas agora está faltando água. Encruzilhada, que não sofreu tanto como outras cidades os efeitos das enchentes, agora já projeta um prejuízo de quase 50 milhões de reais com a seca. De fato, vi lavouras muito castigadas. Parecem até queimadas. Efeito da falta de água somada ao forte calor.

Sempre pensei, com relação a produção rural, que a água, quando chove abundantemente, não tem valor. Ninguém lembra dela. Todavia, quando o tempo seca, a água não tem preço, porque não há dinheiro que compre.

Meu avô brincava dizendo que as chuvas estavam numa bacia no céu. Quando a bacia virava pro sul, chovia no Rio Grande e fazia seca em São Paulo. E vice e versa. Passados muitos anos, e com o aprimoramento do estudo das ciências climáticas, formaram-se as teorias dos rios aéreos, que vêm da Amazônia. E das pressões advindas da temperatura da água no oceano Pacífico, que determinam o El Niño e a La Niña. São científicas, muito certas, mas não tiram a razão do meu avô. A água que chove na América do Sul não aumenta nem diminui. É sempre a mesma. A ciência comprova que quando chove muito num lugar, faz seca em outro. Como foi o caso do inverno, que causou enchentes aqui e seca no resto do Brasil. Culminando com as maiores queimadas já relatadas. Agora, a bacia inverteu, chove em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e etc, e aqui faz seca.