Houve uma época aqui em Encruzilhada do Sul, que o Escovão, dominava todo e qualquer jogo de cartas na cidade e interior.
Não havia quem não jogasse.
Uns mais, outros menos, mas a prática era corriqueira e os encontros sociais davam-se na medida em que as duplas iam se formando, ou os desafios eram feitos.
Necessariamente as jantas sempre estavam nos jogos, ou nos desafios.
O Escovão é um dos poucos jogos de carta, como a canastra, o truco e algumas outras raras exceções, que dispensam muito bem as apostas remuneradas, se me entendem.
Claro que apostar uma janta regada é muito mais um “vamos jantar juntos”, do que qualquer outra coisa, sem falar depois na gozação, que nunca foi e nem nunca será o tal de “bullying”.
Ao menos por aqui sempre foi uma brincadeira muito bem aceita, e muito bem entendida por todos os envolvidos.
Jogar Escovão em Encruzilhada do Sul era uma grande diversão, como hoje é o Truco para a gurizada.
Mas então, o jogo de Escovão estava no auge e, os encontros repetiam-se nas casas dos mais diversos jogadores, no entanto, haveria de se ter um “estádio”, próprio para a prática do esporte, aonde se pudesse chegar, e ter sempre uma parceria para formar a mesa…
Se planejado ou não, não sei, mas a verdade é que de um dia para o outro nasceu um bar específico para a prática desse “esporte”, onde se podia “aparecer” e sempre haveria de ter uma dupla para enfrentar.
Foi um achado.
Nem é preciso dizer que de pronto, a casa foi elevada aos píncaros da fama, tornando-se encontro obrigatório dos aficionados do Escovão, onde partidas simples e até mesmo grandes torneios foram levados a efeito.
O maior fã, o mais apaixonado, o mais aficionado, o que mais tinha vontade de jogar e, que verdadeiramente jogava muito bem Escovão, não poderia ser diferente, era o proprietário do bar.
Era um bar diferente, disso todos têm absoluta certeza.
Por lá aconteceram as mais inusitadas histórias, e só quem frequentou aquele “estádio”, é quem tem vivo na memória os causos sucedidos “naqueles gramados”.
Com toda a certeza daria um bom livro, um livro que contaria a fase áurea do jogo de Escovão em Encruzilhada do Sul.
Numa dessas tantas histórias, os frequentadores descobriram que não tinha Rum, que, junto com Coca-Cola, se transforma em Cuba, uma bebida muito apreciada em tempos outros e agora, voltou à moda.
Como sempre estavam a fazer brincadeiras, combinaram com cada um que chegava ao bar, para pedir uma Cuba.
O proprietário era sequioso por um bom faturamento e, notou que sua venda naquele dia poderia ficar prejudicada, pois todos estavam pedindo Cuba, e, para desgraça do momento, não tinha o tal do Rum.
Pediu encarecidamente para um frequentador buscar a bebida tão solicitada, e este muito solícito, entendedor como ninguém da situação do bar, se prontificou e foi ao comércio local comprar algumas garrafas de Rum.
Com um sorriso de orelha a orelha, o proprietário do “estádio” viu chegar à bebida tão solicitada e, muito contente avisou aos seus clientes que a bebida havia chegado e que não ia faltar.
Então, conforme o combinado anteriormente, ninguém mais pediu a tal de Cuba…prejuízo total…além da fúria do proprietário.
Mas, como de costume, o bar nunca ficava no prejuízo e, quem arcou com a compra e teve que levar para casa em torno de três garrafas de Rum, foi o coitado do comprador.
– Enéias, eles não querem mais Cuba, eu também não vou querer as garrafas, então, leva prá ti, já que foi tu que compraste…
Enéias!