Segundo uma notícia do “Estadão”, 87 % das famílias brasileiras possui dívidas com cartão de crédito. Dessas, 18 % se declaram muito endividadas. De acordo com a publicação, as causas de tamanho endividamento seriam três, o aumento na concessão de cartões, a facilidade de compras parceladas no cartão de crédito, e os juros do crédito rotativo, que chegam a 445 % ao ano.
Já uma notícia que passou na televisão, mostrava que consumidores norteamericanos estão processando judicialmente “famosos” que fizeram propaganda de produtos enganosos. Começou com as criptomoedas, que deram muito prejuízo. Mas está se alastrando para outros produtos. Os processos correm inclusive para artistas que apareceram nas mídias ostentando produtos que, depois, adquiridos por consumidores, se mostraram problemáticos.
Vivemos bombardeados por propagandas. De um lado, as ostensivas, produtos apresentados na televisão, jornal, mídias, de empresas vendedoras, com demonstração de sua utilidade e preço. De outro lado, práticas como a utilização em novelas, ou mesmo por pessoas influentes. Situações de criam o desejo de consumo.
Como, de uma maneira geral, o público não tem condições de adquirir muita coisa à vista, se oferece a possibilidade de financiamento. E o mais fácil, o cartão de crédito. E daí para o endividamento e a inadimplência, é uma estrada em linha reta.
Pensando bem, se 9 em cada 10 famílias brasileiras devem para os cartões, e 2 em cada 10 já não conseguem pagar, tem alguma coisa errada na avaliação das empresas que fornecem esses cartões. Afinal, fornecer crédito sabendo que isso vai ocorrer, só pode ser vantajoso quando os juros pelo endividamento forem altos. Como é o caso, porque quem atrasa uma conta do cartão, paga o equivalente a 5 vezes o que deve em um ano.
Resumindo o que acontece conosco, consumidores. Primeiro, com facilidade conseguimos um crédito, que pode ser utilizado para comprar mercadorias com um prazo definido ou em diversas prestações. Depois, somos bombardeados com propagandas de todo o tipo que nos induzem a consumir. Mais do que precisamos e mais caro do que podemos pagar. Aí, quando o dinheiro não dá, nos lembram de que deveríamos ter consumido com mais inteligência. Que precisamos aprender “educação financeira”. Quer dizer, que a culpa é nossa. E então nos impõem juros impagáveis.
Definitivamente, isso não é certo. Fico lembrando dos processos dos americanos, e penso que deveríamos poder também processar as empresas que nos induzem a entrar nessa fria.