Das chuvas a catástrofes

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Essa semana a coisa andou complicada por aqui. Chuva! Muita chuva mesmo. Uns falam em mais de cem milímetros, outros em mais de duzentos. A estação de meteorologia de encruzilhada do Sul apontava cento e setenta e quatro milímetros ao meio dia de quarta feira.

Fui ver o Camaquã. Vivo aqui há quase quarenta anos, e já vi muitas enchentes. A maior de todas, para mim, aconteceu na Páscoa de 1992. Os antigos lembrarão que, com as águas, desapareceu um bom pedaço do barranco onde atracava a balsa, em frete a casa do Aldo, um pouco acima de onde hoje está localizada a ponte. Essa de agora é mais ou menos de igual intensidade, e alagou todas aquelas áreas onde depositam areia, no lado de Canguçu da ponte. Menos mal, porque no lado de Encruzilhada tem aquelas casas ali, e sempre me preocupo com meu amigo Fernando, que mora bem na margem do rio. Aparentemente, e salvo um acontecimento improvável, a casa do meu amigo está segura. Que bom!

Pensando em todo esse tempo que vivo aqui, na várzea, e do que já vi, alimento dúvidas sobre o que aconteceu no rio Taquari, principalmente nas cidades de Muçum e Roca Sales. A água, lá, atingiu locais que nem se pensava serem alagáveis, e fez isso numa velocidade muito grande.

Minhas dúvidas se baseiam no Camaquã. O nosso rio enche muito rápido. Se chove de noite em Bagé, acima de cem milímetros, quando amanhecer teremos enchente por aqui. Mas a questão é depois que atinge uma determinada altura. Mesmo chovendo muito lá para as nascentes, o rio passa a alagar menos áreas, e em menor velocidade que a primeira onda de cheia. E isso porque existe a “caixa” onde o rio corre, que é funda. Mas depois de encher essa “caixa”, é preciso alagar uma área muito grande para crescer em altura. Porque as várzeas são mais planas.

Olhei, no Google Earth, e vi que o rio Taquari vem correndo em meio a uma serra e começa a encontrar áreas mais abertas justamente nas cidades que sofreram com a cheia. Por isso que tenho dúvidas sobre o que aconteceu. A explicação oficial foi a precipitação acima de duzentos e cinquenta milímetros nas cabeceiras do Taquari/Antas. Todavia, a maneira como o alagamento aconteceu, ficou parecendo que de algum lugar veio uma enxurrada repentina, ou que alguma coisa barrava o fluxo da água.

Enchente é uma coisa séria. Essa no Taquari causou perdas de vidas humanas, infelizmente. E muito prejuízo. Avaliação das causas e medidas e proteção serão necessárias. Nesse e noutros rios. Antes que uma catástrofe dessas proporções se repita.