Lá na Russia o inverno é medonho. Neve, gelo, frio cortante durante mais da metade do ano. Tão intenso que historiadores chamaram de “General Inverno”. Duas vezes, pelo menos, essa condição gelada salvou os russos. Do domínio de Napoleão e de Hitler. Nos dois casos, os inimigos cercaram Moscou e outras importantes cidades, mas pereceram no rigor, vítimas do frio e da fome.
O frio é forte, também, às vezes, por aqui. Sofremos com temperaturas em torno de zero grau centígrado, geadas, chuvas congelantes. Mas rendemos graças a essa condição por nos proteger de pragas.
Duas, para ser mais especifico, os carrapatos no gado e o mosquito Aedes nas pessoas.
Ambas as pragas não resistem a temperaturas abaixo de 5 graus centígrados, e morrem. Dessa forma, penam menos nossas vacas no inverno e nós escapamos da dengue e febre amarela.
Podemos chamar, por aqui, o frio de “Doutor Inverno”.
Infelizmente, no entanto, o frio não é capaz de eliminar os ovos nem dos carrapatos e nem dos mosquitos, que voltarão a nos atacar quando o calor voltar. A vantagem que temos é a redução das populações, porque durante os meses frios não temos fêmeas dos bichos produzindo ovos.
Essa diminuição das populações é que nos dá chance de preparar a defesa com antecedência. No caso dos mosquitos, aproveitar o inverno para destruir os locais onde os ovos possam estar escondidos. Qualquer lugar que tenha água parada, por exemplo. No caso dos carrapatos, iniciar o uso de produtos defensivos com antecedência.
Antigamente, a prática da queima de campo no fim do inverno destruía a maior parte dos ovos e larvas dos carrapatos, mas hoje não se pode mais fazer isso. Então, lembrando que os carrapatos, quando sobem no gado, são tão pequenos que não se enxerga, o ideal é começar a tratar as vacas assim que diminuir o frio, para evitar que carrapatas consigam atingir o estágio de adultas.
O doutor frio, mesmo que nos dê um remédio meio amargo e nem sempre agradável, é um bom amigo que temos. Com sabedoria, podemos aproveitar essa ajuda e melhorar nossa saúde.
