Casualmente, dia desses, passei em frente a uma revenda de máquinas agrícolas que ficava próxima de um ferro velho. No pátio da revenda estavam estacionadas muitas colhedeiras e tratores. Novos, brilhando ao sol. Já no ferro velho, centenas de carros apodrecendo, pálidos, desbotados, se não enferrujados.
Pensei na tinta. Os veículos, quando velhos, são desmontados. Aproveita-se o que dá dos pneus, recicla-se o mais possível o plástico, os componentes eletrônicos, vidros, o aço das carrocerias e motores.
Mas, e a tinta? A tinta desaparece, nunca ouvi falar em reaproveitamento de tinta. Mas acho que é um material altamente poluente. Só se dissolve em líquidos solventes. Não mistura com água, claro, senão a chuva lavaria a pintura dos veículos.
Penso que a tinta se desgasta, com o tempo. Mas não é biodegradável.
Dando asas a minha curiosidade, pesquisei no google. Das máquinas em geral não sei, porque parei minha pesquisa somente em automóveis e veículos leves. Fácil de encontrar na internet. Cada automóvel carrega, em média, oito quilogramas de tinta. Depende do tamanho, claro. Mas essa é a média. O mundo fabrica noventa milhões de veículos por ano.
O número é assombroso. São setecentas e vinte mil toneladas de tinta o que se usa para pintar os veículos novos, por ano. Todo veículo novo fica velho e, tirando os que ficam com colecionadores, todo veículo novo um dia acaba no ferro velho, e daí vai para reciclagem ou apodrece.
E a tinta? O que acontece com toda essa tinta? Para onde vai isso?
Interessante como se fala tanto em poluição, reciclagem e coisa e tal, mas nunca ouvi falar nas tintas. Por que será?
