Essa história do ataque dos russos contra a Ucrânia não é brincadeira. Os caras estão cheios de bombas atômicas, e a guerra fica na divisa da Europa com a Ásia. A Europa está cheia de bombas atômicas. E a Ásia tem as delas, também.
Essas bombas podem destruir o mundo inteiro. O que torna o conflito perigoso até para os encruzilhadenses, que não têm nada a ver com isso.
Não adianta discutir as razões. Afinal, os ucranianos têm as razões deles para querer sair da órbita da Rússia e entrar na Europa. E os russos, as deles para não querer permitir.
Porém, na luta do mar com o rochedo, quem apanha é o marisco. E já são milhões os mariscos ucranianos deixando tudo para trás, no intuito de salvar a pele.
Então, imaginando uma invasão aqui no nosso território. Sei lá, uma bronca com os castelhanos, e lá vem os argentinos invadir a Encruzilhada. E a gente tem que deixar a casa, as coisas todas, e fugir sabe-se lá para onde, qualquer Uruguai da vida. Não convém nem pensar muito nisso, porque aí teria que considerar abandonar as ruas que a gente está acostumado a andar, o emprego, quem tem, e penso sempre no caso de eu ter que ir embora, quem cuidaria das árvores que plantei, e me corrói o espírito pensar que alguém poderia simplesmente cortá-las.
Esse é o movimento da empatia. Se colocar no lugar do outro. Me coloco no lugar dos que estão fugindo, porque não tem como se colocar no lugar dos líderes, que estão nos seus quartéis, bem guardados, mandando os outros atirar. Não me agrada nenhum deles. Mas, de todos, acho que tenho mais raiva é do Putin. Afinal, quem atacou foi ele.