Não vi de perto a destruição do temporal que atingiu meus vizinhos, aqui no Vau dos Prestes. Imagens assustadoras foram divulgadas no Facebook e Instagram. Bastante difícil de explicar o que aconteceu, principalmente pelo fato de ser tão localizado.
Já há alguns meses atrás, o Paulinho Prestes, vizinho daqui, mostrou fotos do Cerro dos Macacos, que mostravam um rastro de destruição. Dava a clara impressão da passagem de um tornado.
Teria sido um tornado o que aconteceu por aqui semana passada?
Estamos vivendo um ano horroroso, aqui no Brasil. Começou com uma seca destruidora no centro-oeste. Passou pelas enchentes catastróficas e parece não ter fim. Nossa região, que até agora estava pouco afetada, entrou nas notícias também.
Tivemos sorte, no entanto, que não houve feridos.
A gente sabe que existem os rios aéreos, que são grandes quantidades de água que evaporam na região amazônica e descem em direção ao sul, costeando a cordilheira dos andes. São massas quentes que, quando encontram o ar frio da Antártida, desviam em direção ao leste e provocam chuvas no Brasil. Geralmente, no verão, essas chuvas caem no centro oeste e depois descem. E durante os meses de dezembro e janeiro são pressionadas pelo ar do sul, causando estiagem no sul do Rio Grande, Argentina e Uruguai.
Esse ano não foi assim. Por alguma razão, o centro-oeste ficou muito quente e com isso o ar úmido foi forçado mais para o sul, e acabou precipitando no Rio Grande, mais especificamente na zona em que a depressão central encontra a serra geral. Daí as enchentes nos rios Jacuí e Taquari.
As queimadas que a televisão mostra na amazônia, pantanal, centro-oeste, São Paulo e outras regiões, mostram que a seca por lá ainda não acabou. Então, o fenômeno que provocou as enchentes por aqui ainda não acabou, e esses temporais como o que varreu uma parte do Vau são consequência disso.
Agora, a questão que fica é se esse tipo de situação acontece de vez em quando ou se o clima está mudando mesmo, com maior ocorrência de eventos extremos.
Provavelmente as duas coisas. O estudo do clima, com a precisão que se conhece hoje, é muito recente, e não se tem dados sobre o passado. Mas que a humanidade está mudando o planeta, ninguém pode duvidar.