Gêmeos argentinos

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Aconteceu na Argentina, e os jornais publicaram. Uma mulher procurou a polícia por uma razão insólita: não conseguia reconhecer entre os dois filhos, quem era quem.

Não fazia muito tempo que haviam retornado do hospital, e os meninos são gêmeos. No hospital, ganharam pulseirinhas de cores diferentes, indicando quem era um e quem era o outro. Mas logo elas ficaram apertadas e foi necessária a retirada. Para não confundir as crianças, os pais optaram por vestir cada um de uma cor diferente. A coisa funcionou até os guris vomitarem e, na pressa de atendê-los e trocar a roupa, os pais perderam a certeza de terem vestido cada um com sua cor.

E agora?

Segundo a notícia que li, várias pessoas comentaram que não faria diferença, com essa idade de poucas semanas de vida, trocarem as identidades. Imagino o quanto isso deve ter ocorrido em famílias de gêmeos idênticos, mundo afora. Mas a mãe argentina não se deu por vencida. Lembrou que haviam feito fotos e tomado as impressões digitais dos meninos, no registro de nascimento. Então chamou a polícia, que tomou as impressões dos dois e determinou quem era Chico e quem era Francisco.

Lembrei de uma história, do grande Mark Twain. Fictícia, claro, em que narrava o início de sua vida. Brincando, ele dizia que havia tido um irmão gêmeo que morreu bem novinho. – Aliás, completava ele, – acho que quem morreu fui eu, mas a minha mãe nos confundiu!

Acho essa história muito engraçada. Como é a dos gêmeos argentinos. Os argentinos, não sei por que, volta e meia nos brindam com casos esquisitos envolvendo seus filhos. Todos os verões, os jornais nacionais publicam histórias de pais que esqueceram os filhos em postos de gasolina. Os filhos vão ao banheiro e os pais, talvez cansados da longa viagem, abastecem, pagam, e seguem viagem. É compreensível, mas meio que imperdoável.

Já essa mãe, foi diferente. Tento me colocar no lugar dela, e entendo a angústia que sentiu ao ver os dois menininhos, iguaizinhos, e não encontrar uma diferença sequer. Deve ter imaginado que passaria a vida com a pulga atrás da orelha, e se for mesmo imaginativa, criou histórias cabulosas envolvendo a confusão entre seus meninos. Sabe lá se não haveria diferenças de saúde, temperamento, inteligência. Fez bem, procurou um caminho legal e resolveu o problema. Mesmo aguentando todas as brincadeiras que surgiram.