Maçã e guaraná

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Esta história deu-se agora, sexta-feira passada, em um estabelecimento comercial.
Na verdade, uma bela fruteira de nome conhecido de todos vocês, na cidade de Santa Cruz do Sul-RS.

A Lena, “mia moglie”, desceu para comprar frutas e verduras e, por lá ouviu o comentário de um senhor dizendo que ele, na época de sua infância, só conhecia maçãs argentinas.

Quando a Lena me contou este episódio, fui remetido como um meteorito, brilhante por sua incandescência, aos meus tempos de também guri, na minha querida Bagé-RS.

Sim, naquela bela época de piá, nós bageenses só degustávamos maçãs de procedência da Argentina.

Sendo assim, vê-se que não era só privilégio daquele simpático senhor.

No centro da cidade, lembro como se fosse hoje, existiam nos canteiros do meio da rua, algumas carrocinhas e, engraçado, até hoje não me saem da memória…eram com rodas de bicicleta e em sua estrutura existia um tablado de madeira e, em cima deste tablado, prateleiras dos lados e na frente, onde as frutas eram expostas.

As cores das “banquinhas” eram ou verde ou azul, e as frutas eram dispostas nestas prateleiras dando um verdadeiro espetáculo de cores.

Bananas, laranjas, bergamotas, peras, uvas…e, as maçãs argentinas.

Eu adorava a maçã verde, uma variação de maçã que os argentinos cultivavam (naturalmente de cor verde, todavia aptas para serem apreciadas) …nunca mais as vi e, sendo assim, nunca mais pude degustá-las…e é claro, lá estavam as maçãs de um vermelho-rubi exuberante.

Não preciso dizer a vocês que elas eram maravilhosamente saborosas, no entanto e infelizmente, lá na minha casa (não sei na casa de vocês…) elas só eram adquiridas quando estávamos doentes…sei lá o porquê.

Sim, seja lá se fosse uma gripe, uma desinteria, um sarampo ou caxumba, a dieta era, para nós, uma festa, mesmo doentes, pois estavam lá as maçãs (se fosse dor de garanta, então, era maçã raspada com uma colher) e, o inigualável Guaraná Antarctica.

Vejam que só nestas ocasiões, ao menos na casa do seu Chico Carretta e da Dona Iolanda, as coisas eram assim, ou seja, a maçã e o Guaraná Antarctica só apareciam nas nossas enfermidades.

Pois aquele senhor lá da fruteira também comentou neste sentido, sendo assim, passo a acreditar que a maçã e o Guaraná Antarctica eram “remédios”.

Como já sublinhei, para nós lá naquela época, a maçã argentina e o Guaraná Antarctica eram uma “festa”.

Com vocês que viveram e conviveram com as maçãs argentinas e o Guaraná Antarctica, era assim também?

Sim, porque bergamota, pera, laranja, figo…tudo isso existia no quintal da casa da minha vó, portanto não existia a maçã argentina e a bebida tradicional na mesa era o não menos famoso Ki-suco.

Segundo Epicuro (filósofo grego), a felicidade ocorre através da satisfação dos desejos…

Fomos felizes, é certo!