Maria faceira é uma garça. O nome científico é Syrigma sibilatrix. Não são muito grandes, tem a maior parte do corpo em tons de amarelo, e outros coloridos pela cabeça e penas das asas. Cabeça, aliás, tendendo ao azul. São muito bonitas, e possuem um voo bonito e alegre. Daí deve vir o nome. Há também quem chame de garça flauta do sol, aí talvez pela cor e pelo canto forte.
Tem um casal que aparece por aqui, todos os anos. Para produzir crias. Descobri que são monogâmicas. Como outras espécies que vivem aqui perto, os tahãs como exemplo. Bem, esse ano estamos acompanhando bem de perto o acasalamento das faceiras.
A primeira vez que chamou a atenção foi uma manhã, estavam voando aqui perto e pousando num eucalipto de jardim. Dirigiam-se até os galhos finos, quebravam as pontas e carregavam. Pedaços de uns vinte ou trinta centímetros. Estavam construindo ninho num Ingá aqui bem do lado da porta dos fundos da nossa casa.
O ninho fica alto, mas bem visível. E é o ninho mais desengonçado que vi, entre todos os passarinhos que conheço. São galhos finos tramados. Parece um monte de sujeira. Quase não dá pra acreditar que seja ninho. Não tem forração. Mas é. E lá observamos a fêmea chocando, quase um mês inteiro. Enfrentou calor, frio, chuva, ventos fortes. O ninho, apesar da aparência que tem, é muito resistente.
Ontem, finalmente, vimos três filhotes.
É muito bacana ver isso. Dá uma sensação boa, de vida e alegria.
Agora, vamos esperar os próximos capítulos. Que são bem interessantes. Daqui uns dias os filhotes descerão do ninho, e ficarão no chão. Acho perigoso, mas é assim que elas fazem. Ano passado, como o ninho era mais afastado, um filhote ficou no lado de fora de nosso pátio. Ninguém se aproximava. Ele se ouriça todo, e tem um grito forte, feio, assustador. Os cães não se atrevem a atacar. O filhote mesmo é feio, branco, penugem espevitada. Parece um fantasma.
Agora é esperar e ver como os filhotes farão esse ano.