Dia dez de julho é uma data marcante, para mim, pois foi num dez de julho que me formei na faculdade de agronomia, em 1982.
Sempre fui inquieto, e experimentei fazer muita coisa na minha profissão. Sempre fiel à razão pela qual decidi ser agrônomo. Trabalhar ao ar livre. Uma grande descoberta que fiz, foi que a natureza procura sempre equilibrar. E num ambiente equilibrado, saudável, nada é possível colher. Sempre tem alguém para comer o que está sobrando. Assim, percebi que minha profissão cria desequilíbrios, como de resto todas as atividades humanas, pode-se dizer. E a grande questão com que me debato, hoje, é conciliar a produção de alimentos com a conservação da natureza.
Desequilibrar o menos possível, ou criar áreas onde se aceite o desequilíbrio, e se produza o necessário, deixando o selvagem intocado?
Em 1982 não havia plantio direto. Nem tantas outras técnicas modernas de produção. Avanços que levaram as lavouras até a Amazônia. Naquele tempo, de São Paulo para cima quase tudo era Cerrado e floresta. A mudança foi enorme. Encruzilhada era cheia de bovinos e ovinos. Hoje, os campos da serra do sudeste deram lugar a florestas cultivadas e soja. As coisas mudaram.
Em 1982 se falava que havia gente passando fome no Brasil. E no mundo. Continuamos vendo fome. Mesmo com todo o avanço da produção, em área e produtividade. Claro, a população cresceu também. Quase dobrou, nacional e mundialmente. E está aumentado, pelo que dizem vai ainda dobrar antes de começar a diminuir.
Haja comida! Haja produção! Todavia, nunca se fez um censo de perdizes, ou tatus, ou outros animais silvestres. Nem de árvores, capins. Será que existiam mais ou menos há 40 anos?
Bem, quarenta anos são quarenta anos, e já não faço trabalhos para terceiros. Cuido do meu canto. Tenho orgulho em perceber que, de minha maneira, ajudo a cuidar do mundo. Em volta aqui de casa, não invento muita coisa. Preservo. E a quantidade de aves e outros animais tem aumentado, tanto em número de indivíduos quanto em espécies. Quer dizer, não precisa fazer muita coisa, parece que a questão é mais de não fazer certas coisas.
Tomara que a ciência e a consciência se unam e possamos, no futuro, viver mais em harmonia com nosso mundo. Não vi isso acontecer, mas espero que aconteça.