Monitoramento e estratégia são as principais características de um grupo que tem auxiliado a Brigada Militar a prender criminosos que cometeram crimes, ou até mesmo agir preventivamente para que as ações não sejam realizadas pelos bandidos. Um grupo formado por policiais anônimos e que, em algumas vezes, agem até mesmo disfarçados para entender o que pretendem os criminosos.
A escolha destes policiais é feita por perfil. Os policiais são identificados, analisados, recebem convites e são treinados para fazer parte do Setor de Inteligência da Brigada Militar. “Temos um padrão técnico dentro da corporação. Têm aqueles que gostam de usar a farda e sair patrulhando, assim como os mais discretos que veem as coisas com mais detalhes e outros que veem mais superficialmente. Tudo é questão de perfil. Nós levamos essas pessoas a cursos de coleta de informações, geração de relatórios e análise de dados criminais, são cursos na área de inteligencia”, explica o coronel Valmir José dos Reis, comandante regional da Brigada Militar.
Entretanto, a inteligência policial é diferente da investigação, feita, normalmente, pela Polícia Civil. “A investigação é aquela que vai buscar dados para botar dentro do inquérito depois do fato ocorrido, a inteligência policial é mais ampla, tu busca os dados para ter o conhecimento da criminalidade e então aplicar a força policial e ser efetivo nas prisões”, comenta.
Para agir nas ruas, coibindo e prevenindo os crimes de forma ostensiva, a Brigada Militar precisa estar embasada por informações. Reis ressalta a importância do setor de inteligência para o serviço da BM nas ruas. “Quem são as pessoas, o que querem, qual o pano de fundo e o de frente desse processo, nós temos a obrigação legal de preservar e manter e restaurar a ordem pública quando ela é rompida, nós temos que ter a informação, não adianta o comandante ficar sentado aqui se ele não tiver a informação. As pessoas não têm noção das estruturas à disposição da comunidade. Não é só em filme, aqui também existe isso, mas a gente não fala muito porque é uma atividade discreta”, frisa.
No dia 6 de setembro foi comemorado o Dia do Profissional de Inteligência. “A coruja é o simbolo da inteligência. Ela fica de olho, ninguém a percebe, mas enxerga tudo. Eles têm um papel muito significativo, mas ficam sempre no anonimato perante a sociedade. Nossos resultados estão também nas mãos deles. Com eles, otimizamos nosso trabalho, sabemos o que estamos fazendo”, ressalta o coronel, que ainda parabenizou a equipe.
Na Prática
Os agentes de inteligência são divididos regionalmente pelo Comando Regional do Policiamento Ostensivo do Vale do Rio Pardo (CRPO-VRP) em postos avançados e agências, além do próprio escritório regional de inteligência, chefiado pelo major Cristiano Cuozzo Marconatto, que destaca que o serviço de inteligência exige paciência. “No último caso, que prendemos um dos foragidos mais procurados da região em Vera Cruz, por exemplo, o indivíduo rompeu a tornozeleira eletrônica e nos chamou atenção porque ele tem histórico da prática de crimes patrimoniais violentos. Sabíamos que ele voltaria a delinquir. Trabalhamos com diversos mecanismos que nos permitem encontrar os criminosos. Neste caso em específico, estudamos o perfil dos últimos crimes e através do perfil dos comparsas, conseguimos identificar onde ele estava escondido. Monitoramos alguns logradouros da região por vários dias ininterruptos, é um trabalho que exige paciência e é cansativo. Identificamos que ele estava em um local, confirmamos e acionamos o policialmento ostensivo, que prendeu ele”, conta.
O trabalho de inteligência policial, além de exigir a astúcia dos agentes, ainda serve como ferramenta para a tomada de decisões. “A inteligência envolve a produção de conhecimento. Todo o dado que colhemos, qualificamos, pois serve para auxiliar os comandantes a definir onde será empregada a força policial. Então o fato de uma viatura estar patrulhando é porque há inteligência empregada, não é o acaso”, explica o major.
Fonte: Jornal Arauto