Lá na Alemanha, numa fábrica de carne de laboratório, foi produzida uma almondega de mamute. O quitute surgiu de um resto de dna encontrado num mamute congelado. Ninguém comeu, só foi produzido para mostrar do que a empresa é capaz.
A indústria de carnes de laboratório está em atividade, e já existem empresas assim na Europa, em Israel, no EUA, e até brasileiros estão começando a se estruturar para essa produção. A ideia é produzir carne sem precisar criar animais. Duas alegações sustentam os empreendimentos, a questão da crueldade envolvida nas criações e a sustentabilidade ambiental. Defensores desse tipo de produção afirmam que as criações animais são responsáveis por 15 % das emissões de gases estufa, e sustentam que o fim dessa atividade seria bom para o planeta.
As industrias de carne de laboratório produzem num processo que pode ser resumido assim: são extraídas células tronco de animais que não precisam ser sacrificados para isso. Células tronco, encontradas no umbigo ou na medula óssea, são células que têm a capacidade de se transformar em qualquer célula do corpo. Manipuladores genéticos conseguem fazer essas células tronco transformarem-se me pedaços de carne, músculos, como picanha, por exemplo. Aí, é preciso alimentar equipamentos com aminoácidos que produzirão a carne.
Aminoácidos são compostos que, combinados com outras estruturas, como carbonos e vitaminas, produzem proteínas. Esses aminoácidos provavelmente são retirados de produtos vegetais. Então, essas indústrias imitam os seres vivos.
Os aminoácidos são a questão mais importante, aqui. São um total de vinte e um, mas não são iguais em todas as proteínas. A proteína do mamute não é igual a proteína do homem, em quantidade e diversidade de aminoácidos. Assim, quando formos comer carne de mamute, aproveitaremos alguma parte e o resto excretaremos.
Quanto mais parecida a proteína, maior o aproveitamento. E os aminoácidos que formam a nossa proteína, são chamados de essenciais. Para nós. Já para as plantas, por exemplo, são fundamentais alguns aminoácidos que não utilizamos, então os aminoácidos essenciais para as plantas não são os mesmos que os dos homens.
Os suínos são os animais de criação mais parecidos conosco. Assim, em termos de aminoácidos essenciais, são a melhor proteína. Talvez seja melhor para essas empresas deixarem de lado os mamutes e se concentrarem em proteína suína.
E aqui, agora, a questão mais controversa dessa história toda. Que é, em si, toda ela meio horrorosa. Mas, se formos pensar em aminoácidos essenciais, qual seria a melhor carne a ser produzida em laboratório? Ora bolas, a carne humana. De preferencia, a do próprio consumidor. Assim, num exercício de ficção, podemos imaginar um eletrodoméstico futurista, o “forno canibal”, no qual depositaríamos um pouquinho de células tronco nossas mesmo, e depois de uma ou duas horas, receberíamos uma picanha de nós mesmos. Aí, claro com sabor a escolher.
Tudo isso com a intenção nobre de terminarmos com a maldade e a poluição de criar uns bichinhos para consumo.