Era uma vez uma lenda…
Belíssima e triste ao mesmo tempo.
Uma lenda que trata-se de um romance e, todos os romances, com ou sem final feliz, sempre deixa um pouco de sentimento encrustado no coração e na alma das pessoas sensíveis ao amor.
Seja quem for, de que reino for…
Eram árvores.
Pois certa feita, na beira de um rio límpido, sereno, musicista, que trazia de suas águas para as margens uma linda sinfonia, tinha por hábito, aplacar aos sobressaltos da vida aos seus arredores…
Fez-se nascer uma pequena e formosa árvore-mulher em seus confinantes.
Quis o destino que a sua floração fosse externar bem junto a uma outra árvore, agora árvore-homem, a quem viu nascer, florescer e desabrochar toda a sua beleza infinda.
Apaixonaram-se.
Havia encanto, amor, companheirismo, naquela relação vegetal, transbordante de paixão, donde a natureza esbelta patrocinava o esplendor na vida de quem soubesse admirá-los.
Mas, nem tudo o que se quer tem o seu cunho infinito, pois que muitas felicidades sucumbem ao feitio do destino escrito no céu.
Mais uma vez substanciamos: é a vida, é a vida, e nem sempre ela é bonita…
Pois que, a árvore-mulher num certo dia, amanheceu doente.
Sentiu-se pungente.
Ao passar do tempo, com a secura lenta da sua seiva, suas folhas amarelavam-se, caíam ao chão como se lágrimas fossem, e a fraqueza em seu caule foi transformando o seu vigor em embalos cambaleantes, mais fortes ao sabor dos ventos.
Os galhos, agora, estavam seminus.
Vez por outra havia um folha amarela a lhe entregar a realidade nua e crua: sua finitude.
Não muito tempo depois, a árvore-mulher deixou de existir, ao cambalear em torno de seu tronco ruir ao chão e, desfalecer para nunca mais viver.
A árvore-homem se desesperou, chorou, gritou, torceu-se, jogou suas folhas ao chão, sofreu intensamente e, pediu clemência ao Criador, mas, são as leis Divinas quem nos rege e ele haveria de entender tudo isso…
“Com o tempo, curvou-se para o rio e, lentamente, agora já sem rancores, começou a descer seus braços magros, em direção ás águas, chorando baixinho lágrimas profundas…
A árvore-homem, chorão, até hoje lacrimeja baixinho numa renúncia dolorosa de todas as horas…”
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AGENDA
Texto adaptado de “Lenda” – por Boneca Regina – jornalista e cronista
Esta coluna contém informação, opinião e o cotidiano da vida.