Uma coisa que eu sempre quis fazer, e agora já fiz, é andar de Kart. Numa pista de corridas. Mas nunca me empenhava em conseguir fazer, até que descobri uma pista e fui lá. Não é barato, é caro. Mas, afinal, para que serve o dinheiro senão para ajudar a fazer o que a gente quer? Paguei e fui andar.
É um carrinho pequeno, a gente senta quase no chão. Um tanque de gasolina entre as pernas e um motor de 200 cilindradas nas costas. Uma direção e dois pedais. O da direita acelera e o da esquerda, freia.
E vamos correr. Uma pista bacana, bem cuidada, longa e com diversas curvas. Suficiente para me sentir piloto. Minha companheira de corrida, minha filha, dirigia o kart dela como uma moça. Com calma. Eu, não. Queria correr, acelerar, tirar uma, duas voltas de vantagem.
E assim fiz. Não durou muito, uns quinze minutos. Cheios de boas sensações. Mas tem uma coisa que aconteceu e eu quero contar:
Foi assim. À medida que o tempo ia passando, fui tomando coragem e acelerando mais, deixando para frear cada vez mais próximo das curvas, sempre tentando ser mais rápido. Então, lembrei que nas corridas que assisto, vira e mexe um carro “roda”. Quer dizer, não consegue fazer uma curva e derrapa em torno do seu eixo. Comecei a pensar em como isso pode acontecer, porque me parecia muito fácil o que estava fazendo.
E aí aconteceu. Demorei demais para frear e acabei freando com força enquanto o kart fazia a curva. Então, barulho de rodas derrapando, cheiro de borracha queimada e o meu carrinho rodou. Perdi tempo, tive que fazer uma manobra para voltar a pista. Mas não senti medo, aliás, foi até interessante. O kart não capota, é mais ou menos seguro. Mesmo nesse momento de perda de controle, as coisas parecem estar bem.
Depois de encerrado o brinquedo, a sensação da rodada não me deixou. É como na vida, pensei, a gente vai tentando, forçando, arriscando, até que passa do limite. Cai. Ou roda. Aí precisa manobrar, começar de novo. Com prudência, um pouco de medo, para depois arriscar novamente.
Essa deve ser a grande lição dos brinquedos. Lembrar que a gente tem que aproveitar. Mesmo quando dá errado, é bom. Ou, dizendo com outras palavras. Dar certo ou dar errado é viver do mesmo jeito.