Protestar é do jogo

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Afinal, pode ou não pode protestar? Pode ou não pode trancar rodovias, invadir prédios públicos ou privados? Terminadas as eleições, o grupo derrotado foi para as ruas, e rodovias. O grupo vencedor condena os atos, e a polemica invade as redes sociais, as conversas entre os amigos e até a cozinha das casas dos brasileiros.

Tenho pensado sobre o que é publicado nas redes sociais. Tem umas coisas bem agressivas, tipo dizer:

– Quem publica ofensas no facebook é imbecil! Como se chamar alguém de imbecil fosse carinhoso. Acho que a impessoalidade das redes sociais propicia essas pérolas da agressividade. Frente a frente, na rua, no ônibus, numa mesa de conversa, as pessoas tendem a ser mais polidas. Chamar uma pessoa de imbecil, frente a frente, pode provocar reações que vão da lágrima ao soco. Muitas vezes, a pessoa publica uma ofensa mirando em alguma coisa que leu ou ouviu, sem se dar conta que pessoas de quem gosta, mas que pensam diferente, irão ler e sentir-se ofendidas com o que está escrito.

Então, se ultrapassa a cordialidade, e também um principio de liberdade. A minha liberdade de ofender vai até o limite do ofendido. Uma coisa parecida com isso.

Ofensa para cá, ofensa para lá, a eleição presidencial esse ano alimentou-se dessa discórdia. Dizem que é mais fácil conquistar o voto pela emoção do que pela razão. Então mantendo esse nível de animosidade, as pessoas votam pela ofensa e esquecem que o dever dos eleitos é zelar pelo povo e cumprir a constituição.

Constituição que está, agora, no centro da questão dos protestos. Evidentemente, protestar é legitimo. Muito mais do que dizer barbaridades na internet. Mas sujeito a limites. Sempre que os limites forem ultrapassados, o Estado precisa intervir. A constituição proíbe boqueio do direito de ir e vir. A constituição garante a propriedade. Esses direitos devem ser preservados. Para que a sociedade funcione. E é o que temos visto. Houveram interrupções, o Estado reagiu, e agradecemos a ausência de violência. Proteger contra a violência, aliás, é outro dever do Estado.

Agora, o Estado, cumprida a constituição, também tem o dever de ouvir o povo. Por que protestar? Dar ouvidos ao que é reivindicado, julgar e dar resposta. Não que isso resolva. Porque sempre teremos insatisfação e protesto. Democracia é assim.