“Rapenuz não tem cruz!”

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    Ou seria “rape e nuz”?

        Quem sabe “rapenus”, com “esse” no final…

        Sei lá, mas tudo isso me vêm justamente pelo início das aulas, do ano letivo.

        E, o interessante é que o som do vocábulo que mandava: “Rapenuz Não Tem Cruz!”

        E amedrontava.

        Estes anos foram os melhores da vida… do pião, a pandorga, o bilboquê, o carrinho de lomba…

        Viver era apenas estudar e se divertir.

        Existiam sim responsabilidades, e as eram bastante importantes, pois que estudar sempre fez e, até hoje faz, parte de nossas existências.

        Tem aquela velha frase que diz: “Aprender nunca é tarde e nem demais”.

        Plenamente de acordo e que traz uma grande verdade para todos nós, quer tivéssemos sido jovens, quer hoje, quando a idade já “dobrou o Cabo da Boa Esperança”.

        A cada dia, mesmo que pessoas pensem que não, mas estamos aprendendo.

        Então, estudávamos e nos divertíamos…

        Um dos bons divertimentos era o jogo de bolinhas.

        Em cada região a nominação variava em “bolika”, “bolita”, “joga”, entre outras.

        Na minha querida Bagé era “jogo de bolinha” e a “joga”, era a bolinha preferida do jogador para “nicar” nas outras.

        Tinha o “entrei”, a “sela”, o “triângulo”, a “cobrinha ou “buraco”, dos jogos que eu me lembro e, naturalmente que cada uma dessas modalidades, tinham as suas regras, todavia, a finalidade sempre era ganhar bolinhas que eram apostadas, aumentando ou diminuindo assim, nossas coleções.

        A regra número um sempre foi ser na terra, no chão batido, o desenvolvimento das partidas.

        Pois que, no cimento, no asfalto, na calçada, não eram o piso apropriado para o decorrer dos embates.

        Então, no pátio de alguma casa, nos colégios e, principalmente nos canteiros da cidade, é que se realizavam as contendas.

        Antes e depois das aulas, nos pátios dos colégios, essa brincadeira era e sempre foi corriqueira, contudo, as regras eram rigorosas, pois que, ao sinal do início das aulas ou término do recreio, estava autorizado o “rapenuz não tem cruz!”

        Já nos canteiros da cidade, o medo consistia em aparecer por ali algum ou alguns curiosos em olhar o jogo e, num dado momento, pronto: “Rapenuz Não Tem Cruz”! E, zás…

        Geralmente era gurizada da zona rival, que, para arranjarem confusão, faziam o “rapenuz”, quando então, a confusão estava formada.

        Jogar bolinha na rua exigia sempre muitos cuidados, o que no colégio já não necessitava, pois que a regra do “rapenuz não tem cruz” era autorizada, com o intuito de que os alunos não se atrasassem para entrar nas salas de aula, tanto no seu início como no fim do recreio.

        Mas, afinal de contas, o que era o tal de “rapenuz não tem cruz”?

        Pois saibam que, os curiosos que ali se postavam, vendo o jogo de bolinhas e que eram mal intencionados ou “estavam autorizados”, ficavam na espreita e, quando achavam que era o momento certo, ou tocava o sinal para entrada das aulas ou final do recreio, gritavam:

– RAPENUZ NÃO TEM CRUZ”!!

        E davam de mão nas bolinhas que ali estavam casadas, ou seja, apostadas e no chão, rapando-as (sabe-se lá se o “rapenuz” não vem do “rapar” …), quando saíam em disparada.

        Digamos que não era legal tal atitude, mas já vinha no contexto da brincadeira e, os jogadores distraídos nem sempre saíam em busca do prejuízo.

        Todo o cuidado era pouco quando estranhos apareciam nas redondezas do jogo…e, muitas das vezes, lá se iam as “jogas” preferidas.

        Rapenuz Não Tem Cruz!

        Fazia parte.

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