Sobre homens e formigas

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Nesse mundão de Deus, poucos animais são fazendeiros. Explicando o “fazendeiros”, que são aqueles que produzem sua comida. Que eu lembre, nós, os humanos, as formigas e os cupins. As formigas cortadeiras não comem as folhas que cortam e carregam para os formigueiros. Elas criam fungos, que se alimentam das folhas. E as formigas comem esses fungos.

Pensando bem, se um observador intergalático pudesse ver a Terra lá dos confins do universo, ficaria espantado com a semelhança entre as formigas e nós. Estando assim tão longe, teria dificuldades em distinguir as coisas por aqui. Então veria as formigas organizadas, um batalhão de corte, outro de transporte e outro de proteção ao formigueiro. E veria um batalhão de humanos cultivando uma lavoura, outro colhendo, outro transportando e levando para galpões, que poderiam ser confundidos com formigueiros. Dentro desses galpões, os animais que criamos para abate. Ou, os nossos fungos. Do lado de fora, batalhões de proteção contra ataques de outros animais. Humanos ou não.

Lá no planeta deles, uma vez descoberto o nosso e esses fatos interessantes, surgiria uma manchete: “Descobrimos um planeta habitado, e existe vida supostamente inteligente. Porque cultivam seu alimento. Quando pequenos, cortam pequenos vegetais e transportam para abrigos subterrâneos, onde desenvolvem suas criações. Depois de crescidos, fazem os cultivos e transportes de vegetais maiores, em maiores quantidades”.

Ou então uma outra manchete, mais fantástica e esperançosa: “Descobrimos um planeta habitado, e imaginamos haver vida inteligente, porque cultivam seu alimento. E mais uma descoberta maravilhosa: coabitam o planeta pelo menos duas espécies inteligentes. Uma de pequeno porte e outra bem maior”.