Tratoraço

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Depois de madurão, resolvi jogar tênis. Faço aula e jogo umas partidas, de vez em quando. É muito bom.

Mas o que isso tem a ver com o tratoraço dessa semana?

Explico.

Um dia em que estava lá, vi uma movimentação no salão do clube onde faço aulas. Mais tarde vi tratar-se de uma festa em comemoração aos bons resultados do ano de uma empresa que fornece insumos e compra grãos de lavoureiros.

Até aí tudo bem.

Mas o evento coincidia com uma manifestação em Rio Pardo, no parque da Afubra, reivindicando socorro aos produtores gaúchos.

Os agricultores gaúchos, como todos sabem, sofreram com anos de estiagem somados a esse ano de excesso de chuvas. Paralelo ao drama climático, ocorre uma forte retração nos preços dos produtos rurais, desde o ano passado.

O resultado é uma crise forte. O pessoal está sem condições de honrar seus compromissos das safras passadas e atuais, sem condições de fazer a nova safra e sem lucro, que é objetivo de qualquer negócio.

Também nos mesmos dias desse evento, uma multinacional do setor rural patrocinou um jantar em Brasilia, comemorando o sucesso de uma variedade de soja. O evento contou com a participação inclusive de Ministros ligados à área rural. A presença oficial em tal evento demonstra a gratidão do País ao setor, responsável por boa parte do PIB nacional.

Basicamente existem quatro atores no processo de produção. Os fornecedores de insumos e serviços, os fornecedores de crédito, os produtores e os compradores dos produtos. No caso das grandes culturas, soja e milho, por exemplo, funciona assim. Dos quatro atores, somente os produtores não influem nos preços nem dos insumos, nem do crédito e nem dos produtos.

Coincidentemente, os produtores são os atores que estão reivindicando socorro.

Não significa que os outros envolvidos não devam comemorar seu sucesso.

Mas significa que um negócio, para ser sustentável, tem que ser bom para todos os seus participantes.

Entendo que seja atrás desse equilíbrio que se movimenta o tratoraço.